São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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CORRIDA CONTRA O AUMENTO

Prefeitura impõe limite ao bilhete único às vésperas do reajuste das passagens de ônibus para R$ 2

Crédito de R$ 1,70 valerá só por um mês

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo anunciou ontem uma medida para restringir a compra de créditos do bilhete único às vésperas da vigência do reajuste da tarifa dos ônibus, que sobe de R$ 1,70 para R$ 2 neste sábado.
Temendo uma corrida dos passageiros aos postos de abastecimento, a gestão José Serra (PSDB) divulgou que somente os créditos adquiridos até anteontem poderão ser utilizados por tempo ilimitado pelo valor de R$ 1,70 em cada passagem.
Os créditos adquiridos de ontem até sexta serão descontados nas roletas dos ônibus pela tarifa atual somente no prazo de 30 dias. A partir de então, os débitos serão de R$ 2 por viagem.
No dia anterior, a posição da Secretaria Municipal dos Transportes era a de que não haveria nenhuma limitação até a vigência da nova tarifa. Ou seja, os créditos adquiridos até lá, por R$ 1,70, continuariam correspondendo a uma passagem inteira a partir de sábado.
O secretário dos Transportes, Frederico Bussinger, afirmou ontem ter adotado essa limitação com base nas regras anteriores do passe escolar e do vale-transporte em papel, que tinham um mês de validade de uso.
O limite de créditos acumulados por cartão, pelo valor de R$ 1,70, de ontem até sexta, será de R$ 100, sem a opção -existente até então- de um novo carregamento que some R$ 200.

Conta não fecha
O secretário Bussinger esteve ontem na Câmara Municipal para prestar esclarecimentos sobre a elevação da tarifa. Ele foi convidado para ir à presidência da Casa, mas acabou sendo chamado para ser questionado pelos vereadores no plenário -e se disse "surpreso" com a decisão.
No depoimento, falou em contratar uma empresa para fazer auditoria na frota das empresas de ônibus, nas fraudes do bilhete único e na conta do sistema de transporte.
Bussinger disse que a subvenção à passagem reservada no Orçamento -de R$ 340 milhões- era insuficiente para cobrir os gastos. Mesmo assim, esse valor caiu para R$ 224 milhões.
Apesar do corte, as planilhas entregues pelo prefeito à Câmara para justificar a alta tarifária indicam que a conta do sistema não fecha caso seja mantido esse montante, apesar do reajuste da tarifa para R$ 2. A planilha sinaliza para a necessidade de mais de R$ 280 milhões em subvenções por ano -diferença de praticamente R$ 60 milhões em relação à intenção de Serra.
Os tucanos chegaram a apontar que, sem a alta da passagem, a necessidade de subvenções ultrapassaria R$ 600 milhões.


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