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BARBARA GANCIA
Lula e a lei do mínimo esforço
É mais fácil culpar a sociedade do que fazer autocrítica sobre as conseqüências do mensalão
O
RIO DE JANEIRO nem bem se
recuperou da barbárie cometida contra o menino arrastado até a morte e outro crime chocante, o assassinato de três franceses que trabalhavam em uma ONG,
já tomou o lugar no noticiário.
São Paulo nem bem se recuperou
da chacina do último fim de semana
e já foi surpreendida por um assalto
a banco seguido de tiroteio em uma
das principais vias da capital.
Nem mesmo as autoridades têm
sido poupadas da violência. Três ministros de Estado já estão na lista das
vítimas: Márcio Thomaz Bastos teve
o carro roubado, Luiz Gushiken, o
sítio assaltado, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi refém de
bandidos em um sítio de Ibiúna durante o Carnaval. Isso, sem contar o
secretário municipal Andrea Matarazzo, que teve o Rolex surrupiado
enquanto passeava pelos Jardins, e
os seguranças dos filhos, respectivamente, do ex-governador Geraldo
Alckmin e do presidente, um baleado e o outro morto.
Há coisa de três anos, meus pais
foram acordados em casa com armas apontadas para a cabeça. Depois da invasão, veio a perícia. O
pessoal entrou, espiou, pediu desculpas por não poder colher as digitais por falta de material e foi embora para nunca mais voltar. Até
hoje o caso não foi solucionado.
Pois eu pergunto: o que se pode
esperar de uma polícia que não
tem meios para colher digitais?
Mas a violência não parece tirar
o sono do presidente Lula. Em vez
de dar uma resposta concreta à sociedade, ele prefere tergiversar e
nos ofender com suas banalidades.
Diz ele que "pode botar dez vezes
mais polícia na rua e o problema da
violência não se resolverá, porque
muitas vezes ela é uma questão de
sobrevivência".
Cuma, senhor presidente? Prefiro não dignificar a segunda parte
do seu comentário com uma resposta a fim de não ofender os neurônios do meu leitor. Fiquemos
apenas com a parte sobre o aumento do contigente policial. Quem
disse que a gente espera que a
questão seja resolvida com mais
polícia na rua? Bastaria que a que
já está aí fosse informatizada, equipada e melhor remunerada.
Mas eu entendo, presidente. É
muito mais conveniente culpar a
sociedade do que fazer uma autocrítica sobre o sentimento de impunidade gerado pelo escândalo do
mensalão. Muito mais fácil atrelar
a violência ao fraco desempenho
da economia em governos anteriores do que peitar a Igreja, que força
mulheres pobres a conceber filhos
indesejados, não é mesmo?
Viva o Dom Barreto!
Recebi cerca de mil e-mails de
piauienses indignados com meu
comentário contestando o resultado do Enem, que apontou o instituto Dom Barreto, de Teresina, como
a melhor escola particular do país.
Adoraria poder agradar aos
piauienses e dizer que, em um teste
para valer, de igual para igual, o
Dom Barreto daria uma lavada em
escolas como o Santo Américo, o
Porto Seguro ou o Santa Cruz. Infelizmente, alguém tem de fazer o
serviço sujo. Para quem duvida de
que a prova do Enem deixa a desejar, basta ver que a segunda escola
melhor avaliada depois do Dom
Barreto é o Colégio Objetivo, de
Tupã, uma cidade do interior de
São Paulo com 70 mil habitantes.
barbara@uol.com.br
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