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Guarda alega que atirou em legítima defesa, diz a polícia
Delegado não deu nome do guarda-civil, que afirmou que teve medo de ser morto
Sistema de alarme do banco e o circuito interno de TV foram desligados uma hora antes do assalto; polícia investiga participação de funcionários
ANDRÉ CARAMANTE
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O tiroteio no assalto ao banco
Itaú, anteontem, em Moema
(zona sul de SP), foi iniciado
por um guarda-civil metropolitano que trabalhava ilegalmente como segurança de um bingo
vizinho à agência.
O GCM tinha ido ao banco fazer um depósito no caixa eletrônico no momento em que
cinco assaltantes invadiram a
agência -outro ficou na área
anexa de auto-atendimento e
pelo menos outros dois estavam do lado de fora.
Após o disparo, os assaltantes, que levaram R$ 10 mil do
local, revidaram e quatro pessoas que estavam na rua foram
feridas -duas permanecem na
UTI. Ao menos outros dois seguranças do bingo Circus Club
também foram vistos por testemunhas fazendo disparos.
Em entrevista ontem, o delegado Ruy Ferraz Fontes, titular
da Delegacia de Roubo a Banco,
confirmou que o homem de
terno e gravata, visto por testemunhas atirando contra os criminosos perto dos caixas eletrônicos da agência, é mesmo
um guarda-civil.
Fontes, porém, recusou-se a
fornecer o nome do guarda.
Alegou que o GCM foi ouvido
pela polícia na condição de testemunha e vítima e, por isso,
tem direito ao sigilo.
O GCM, que desapareceu do
local após o tiroteio, apresentou-se ontem à polícia.
Segundo o delegado, a versão
que o GCM apresentou leva a
polícia a crer que ele agiu em
"legítima defesa". Alegou que
um dos bandidos foi revistá-lo
e, com medo de ser morto por
estar armado, sacou o revólver
e atirou dez vezes contra ele.
De acordo com a polícia, o
guarda tem autorização para
andar armado e sua pistola é legalizada. Mas ele não pode, pelas regras da GCM, trabalhar
como segurança privado.
Segundo a polícia, o GCM negou trabalhar como segurança
do bingo. A Folha, no entanto,
apurou que ele assumiu, sim,
que faz "bicos" no bingo, de
propriedade de Adilson Monteiro Alves, ex-dirigente do Corinthians na década de 1980.
Pelo serviço, ganha de R$ 60 a
R$ 70 por 12 horas diárias.
Procurada pela reportagem,
a assessoria do bingo divulgou
nota em que não respondeu as
questões feitas pela Folha.
Até ontem, a polícia só havia
prendido um dos suspeitos de
participar do assalto: Wellington Delan Ferreira Oliveira, 30,
que já tinha registro na polícia
por roubo. Ele foi indiciado por
tentativa de latrocínio.
Segundo a polícia, Oliveira,
que levou nove tiros do GCM,
confessou o crime. Ele foi encontrado num hospital de Taboão da Serra.
A polícia suspeita que funcionários ou seguranças do
banco tenham auxiliado os criminosos. Isso porque o sistema
de alarme e o circuito interno
de TV foram desligados uma
hora antes do crime.
Além disso, os criminosos sabiam, por exemplo, o nome da
gerente do banco. E foi com essa "senha" que um deles, que se
passou por cliente, convenceu
um dos dois seguranças de
dentro da agência, que já havia
fechado, a chamá-la.
Esse criminoso estava no setor de auto-atendimento, que
não possui detector de metais.
Além das testemunhas, os
seguranças do bingo serão ouvidos pela polícia e caso fique
comprovado que estavam armados irá requerer seus revólveres para análise. O objetivo é
verificar de onde saíram as balas que feriram as vítimas.
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