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Transporte coletivo não acompanhou o boom de escritórios
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de opções de transporte coletivo -que se resumem a uma linha de trem, nenhum metrô e só 20 linhas de
ônibus- e o boom de novos escritórios, onde circulam funcionários e clientes de diversas
regiões, mostram que faltou
planejamento urbano para acomodar as pessoas que trabalham na região da Berrini.
"Onde era possível fazer prédios, foram fazendo, com o menor número possível de garagens", diz o consultor de transportes Luiz Célio Bottura.
"A mesma exigência que é
feita para a Berrini é feita, por
exemplo, para Itaquera. A lei é a
mesma, mas a Berrini tem mais
demanda", diz o professor da
Poli-USP e consultor de transportes Jaime Waisman.
Enquanto a Berrini é repleta
de escritórios, as residências de
Itaquera fazem do local dormitório para quem trabalha em
outras áreas da cidade.
A prefeitura exige que cada
prédio construído tenha um
certo número de vagas, mas o
cálculo é feito com base na área
útil do prédio, e não na quantidade de pessoas que ele atrai.
A Berrini é servida pela linha
9-esmeralda da CPTM, que,
com 31,8 km de extensão, liga
Grajaú, no extremo sul, a Osasco, sem integração com metrô.
"[O trem] é abarrotado, misericórdia", diz Juliana Caccuri, 23, que prefere chegar com
seu carro às 6h20, estacionar
na rua e esperar até as 8h30,
quando inicia seu expediente.
"O cidadão de alta renda é
muito refratário ao transporte
público, é uma questão de preconceito", diz Jaime Waisman,
da Poli-USP, admitindo que a
má qualidade do sistema também contribui para isso.
Segundo os especialistas, o
fato de as pessoas ocuparem
uma vaga durante o dia inteiro
é uma forma de privatização do
espaço público, que cria obstáculo ao fluxo das vias. Para eles,
a Zona Azul seria uma alternativa para que mais carros estacionassem ao longo do dia.
(MB)
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