São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2011

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Sem obras, SP volta a ficar refém do Tietê

Rio já transbordou três vezes só neste ano; em 2005, governo chegou a dizer que local ficaria "cem anos" sem cheias

Falta de construção de reservatórios d'água e limpeza precária da calha do rio aumentam chances de enchente

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

O rio Tietê, que extravasou três vezes apenas neste ano, pode voltar a alagar a marginal durante qualquer grande temporal típico de verão. Ainda mais se a chuva atingir também as regiões do Aricanduva ou Tamanduateí.
Os motivos, disseram especialistas à Folha, são tanto a falta de piscinões -grandes reservatórios de água de chuva- quanto a limpeza insuficiente da calha do rio.
Mesmo com as medidas anunciadas ontem pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), a situação não deve melhorar a curto prazo.
A promessa é retirar 2,7 milhões de metros cúbicos de areia e lixo até o fim de 2012. E entregar um só piscinão, na região do Pirajussara, até dezembro deste ano. Todo verão, aproximadamente 500 mil metros cúbicos de detritos chegam ao Tietê, que já está bastante assoreado.
"O problema é que, segundo o plano estabelecido em 1998, falta construir 90 piscinões", afirma o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto.

"FICHAS"
Para o ex-diretor de planejamento do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), entre 1983 e 1986, na gestão Montoro, apostar todas as fichas nos piscinões, no entanto, não resolve a questão. "Os executados não resolveram o problema na área onde foram feitos. A situação é crítica. Não existe plano B", afirma César Neto.
O engenheiro Aluisio Canholi, que participou em 1998 da elaboração do plano de macrodrenagem para a Grande SP, discorda. Ele defende que a "implantação de reservatórios de controle de enchentes nos afluentes principais do Tietê, Tamanduatei e Pinheiros, deveria seguir um ritmo bastante forte".
Segundo ele, essa seria uma "maneira eficiente" para diminuir os pontos de alagamento na cidade. "No domingo, a bacia do Pirajussara foi assolada por uma chuva de cerca de 90 mm. E o sistema de reservatórios lá implantado deu conta do recado."
A obra de rebaixamento e limpeza da calha, terminada em 2005, garantiu apenas quatro anos sem inundações, e não "cem", como anunciou Alckmin na época. Desde o ano passado, as inundações da marginal voltaram a ser mais frequentes.


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