São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2011

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FOCO

SP abre processo para tombar 18 edifícios na região central

VANESSA CORREA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pela primeira vez um conjunto de imóveis representativos da arquitetura em estilo art déco e do início do modernismo é alvo de um processo de tombamento coletivo na cidade de São Paulo.
Ontem, o Conpresp (órgão municipal do patrimônio histórico) decidiu proteger 18 prédios, construídos nas décadas de 30 e 40, enquanto estuda se serão definitivamente tombados.
O conjunto de edifícios é emblemático de um período em que a avenida São João foi alargada e a praça Marechal Deodoro era criada.
Nessa época, o local passava por forte processo de modernização com a construção de prédios residenciais, diz Walter Pires, diretor do DPH (Departamento do Patrimônio Histórico).
Segundo o arquiteto, que também é membro do Conpresp, a decisão foi motivada pelo pedido de demolição de um deles, o edifício Tupã.
Um hospital queria incorporar o terreno do edifício.
Em uma reunião com o DPH, o Conpresp decidiu que uma discussão de tombamento conjunto seria interessante para proteger outros edifícios do entorno que retratassem esse momento histórico, explica Walter Pires.
"O Minhocão degradou muito esses prédios. Antes de ele existir, a São João era uma avenida valorizada", afirma o diretor do DPH.
Para Maria Lúcia Bressan Pinheiro, professora de história da arquitetura da FAU-USP especializada em art déco, essa resolução é importante por preservar justamente exemplares que mostram que a "tônica do estilo no Brasil foi atender à classe média nos anos 30 e 40".
Surgido na cidade na mesma época do art déco, o modernismo propunha uma arquitetura racional, e a falta de ornamentação era uma mudança radical na época.
Por outro lado, as linhas limpas e geométricas, mas com a presença de ornamentos estilizados, fizeram do art déco um estilo mais popular.
"O movimento art déco em SP, se teve vida brilhante, foi breve. Precedeu a revolução modernista e os exemplares resultantes merecem cuidadosa preservação", diz o arquiteto Benedito Lima de Toledo, professor da FAU-USP.


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