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No Rio, pesquisa indica mais mortes que dados oficiais
Rafael Andrade/Folha Imagem
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Pacientes recebem hidratação em hospital de campanha no Exército em Deodoro, zona oeste do Rio
ITALO NOGUEIRA
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO
Levantamento feito pela Folha nos cemitérios do Rio localizou 12 casos de mortos em
que os atestados de óbitos indicam a dengue como causa. Nenhum deles havia sido listado
pela Secretaria Municipal de
Saúde -ou seja, estavam fora
das estatísticas oficiais. Até ontem, havia 67 mortes confirmadas pela doença no Estado.
A reportagem pesquisou
atestados de óbitos dos dois
primeiros meses do ano nos arquivos da Santa Casa -responsável por 13 dos 24 cemitérios
da capital- e diretamente em
cemitérios da cidade. Os casos
encontrados têm datas anteriores à da morte mais recente
confirmada pela pasta -dia 29.
A secretaria alegou que são
casos ainda não confirmados.
Segundo ela, a causa da morte
registrada nos atestados de óbito indica o motivo "provável".
A pasta informou que os casos extra-oficiais encontrados
nos meses de janeiro e fevereiro "provavelmente foram descartados em exame laboratorial". A Folha localizou um caso em janeiro e dois em fevereiro. De acordo com a secretaria,
não seria possível verificar até
a conclusão desta edição se foram ou não descartados. A reportagem enviou à secretaria
os 12 nomes encontrados e as
datas de sepultamento.
As mortes por dengue, segundo os registros oficiais, aceleraram em março. No município do Rio, o número no mês foi
maior do que as mortes em janeiro e fevereiro juntos. Ao
menos 22 pessoas morreram
no mês passado, 11 a mais do
que em fevereiro e 12 a mais do
que em janeiro.
A explosão de casos no Rio
pode ter elevado a doença ao
topo do ranking das causas de
mortes de crianças entre 1 e 14
anos no primeiro trimestre
deste ano. Foram 21 mortes
confirmadas até o dia 29 na faixa etária. No levantamento da
Folha nos cemitérios, a doença
foi responsável por sete mortes
de crianças em 59 enterros de
mortos por dengue examinados, cerca de 12% do total.
De 1998 a 2005 -últimos
anos das estatísticas disponíveis no DataSUS- nenhuma
causa de morte neste grupo teve média trimestral maior do
que 18 no Rio. Na epidemia de
2002 morreram apenas duas
crianças de 1 a 14 anos no Rio.
Pediatras
Cinco Estados têm interesse
em ajudar o Rio no combate à
dengue: Rio Grande do Sul,
Rondônia, Amapá, Ceará e Santa Catarina. Mas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do
Rio, não há confirmações do
envio de pediatras. Amanhã,
quando o secretário Sérgio
Côrtes se reúne com secretários dos demais Estados, deve
ser decidida a ajuda ao Rio.
O secretário disse anteontem
que recorreu a outros Estados
para obter 154 pediatras para
mais três tendas de hidratação.
O diretor do Sinmedrj (Sindicato dos Médicos do Rio), Jorge
Darze, criticou a decisão. Segundo ele, há 6.000 pediatras e
900 médicos que pediram a extensão do tempo de plantão.
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