São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2008

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No Rio, pesquisa indica mais mortes que dados oficiais

Rafael Andrade/Folha Imagem
Pacientes recebem hidratação em hospital de campanha no Exército em Deodoro, zona oeste do Rio

ITALO NOGUEIRA
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO

Levantamento feito pela Folha nos cemitérios do Rio localizou 12 casos de mortos em que os atestados de óbitos indicam a dengue como causa. Nenhum deles havia sido listado pela Secretaria Municipal de Saúde -ou seja, estavam fora das estatísticas oficiais. Até ontem, havia 67 mortes confirmadas pela doença no Estado.
A reportagem pesquisou atestados de óbitos dos dois primeiros meses do ano nos arquivos da Santa Casa -responsável por 13 dos 24 cemitérios da capital- e diretamente em cemitérios da cidade. Os casos encontrados têm datas anteriores à da morte mais recente confirmada pela pasta -dia 29.
A secretaria alegou que são casos ainda não confirmados. Segundo ela, a causa da morte registrada nos atestados de óbito indica o motivo "provável".
A pasta informou que os casos extra-oficiais encontrados nos meses de janeiro e fevereiro "provavelmente foram descartados em exame laboratorial". A Folha localizou um caso em janeiro e dois em fevereiro. De acordo com a secretaria, não seria possível verificar até a conclusão desta edição se foram ou não descartados. A reportagem enviou à secretaria os 12 nomes encontrados e as datas de sepultamento.
As mortes por dengue, segundo os registros oficiais, aceleraram em março. No município do Rio, o número no mês foi maior do que as mortes em janeiro e fevereiro juntos. Ao menos 22 pessoas morreram no mês passado, 11 a mais do que em fevereiro e 12 a mais do que em janeiro.
A explosão de casos no Rio pode ter elevado a doença ao topo do ranking das causas de mortes de crianças entre 1 e 14 anos no primeiro trimestre deste ano. Foram 21 mortes confirmadas até o dia 29 na faixa etária. No levantamento da Folha nos cemitérios, a doença foi responsável por sete mortes de crianças em 59 enterros de mortos por dengue examinados, cerca de 12% do total.
De 1998 a 2005 -últimos anos das estatísticas disponíveis no DataSUS- nenhuma causa de morte neste grupo teve média trimestral maior do que 18 no Rio. Na epidemia de 2002 morreram apenas duas crianças de 1 a 14 anos no Rio.

Pediatras
Cinco Estados têm interesse em ajudar o Rio no combate à dengue: Rio Grande do Sul, Rondônia, Amapá, Ceará e Santa Catarina. Mas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Rio, não há confirmações do envio de pediatras. Amanhã, quando o secretário Sérgio Côrtes se reúne com secretários dos demais Estados, deve ser decidida a ajuda ao Rio.
O secretário disse anteontem que recorreu a outros Estados para obter 154 pediatras para mais três tendas de hidratação. O diretor do Sinmedrj (Sindicato dos Médicos do Rio), Jorge Darze, criticou a decisão. Segundo ele, há 6.000 pediatras e 900 médicos que pediram a extensão do tempo de plantão.


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