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Kassab planeja construir "pacote" de túneis
Obras em quatro pontos da cidade têm custo estimado de R$ 2,5 bi, suficientes para aumentar em 10 km a malha de metrô
Técnicos de transportes criticam as intervenções no sistema viário pelo fato de elas serem prioritariamente voltadas para os carros
ALENCAR IZIDORO
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A gestão Gilberto Kassab
(DEM) planeja construir grandes túneis em pelo menos quatro pontos nobres de São Paulo.
O custo dessas obras -criticadas por técnicos e prioritariamente voltadas para os carros- atinge R$ 2,5 bilhões,
equivalente a 10 km de metrô
(tamanho da linha 2-verde).
Na zona sul, o plano abrange
a extensão subterrânea da av.
Roberto Marinho até a rodovia
dos Imigrantes, além de túneis
para eliminar a intersecção das
avenidas Sena Madureira e Domingos de Moraes e também
para construir um bulevar na
avenida Juscelino Kubitschek.
Essas intervenções criam
corredores alternativos de tráfego à av. dos Bandeirantes.
Na zona norte, as obras de
Kassab têm o objetivo de ligar
as avenidas Cruzeiro do Sul e
Engenheiro Caetano Álvares.
A atual gestão, que teme repercussão inicial negativa, trata desses projetos sem alarde.
Kassab criticou nos últimos
anos a construção dos túneis
das avenidas Rebouças e da Cidade Jardim no final da gestão
Marta Suplicy (PT), em 2004.
A prefeitura afirma que essas
obras estão nos planos para os
próximos anos, mas não fixa
prazos e incluiu só uma -a da
Roberto Marinho, estimada em
R$ 1,9 bilhão - em seu programa de metas entregue nesta semana à Câmara Municipal.
Os paulistanos, portanto, não
devem se surpreender se, de
uma hora para outra, grandes
obras em algum desses pontos
começarem a ser tocadas.
Isso porque os processos formais de contratação de três
dessas quatro obras foram retomados nos últimos três meses pela gestão Kassab. E uma
-a do bulevar JK- tem contrato pronto desde os anos 80 e já
está até mesmo com preparativos para desvio do tráfego.
A Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) começou a
fase de licitação dos túneis da
Roberto Marinho, Sena Madureira e Cruzeiro do Sul por
meio de uma pré-qualificação
das empresas interessadas.
Essa é a etapa inicial da concorrência (que demanda, além
do tempo dos servidores, gastos
do município com trâmites burocráticos), por meio da qual
são selecionadas as construtoras em condições técnicas de
tocar as obras. A entrega dos
envelopes ocorreu em fevereiro e março. Em seguida, haverá
a escolha do menor preço.
A construção de grandes
obras viárias voltadas aos carros é atacada pela maioria dos
especialistas sob a justificativa
de que a prioridade deve ser dada ao transporte coletivo.
O engenheiro Jaime Waisman, professor da USP, considera que a parte positiva de intervenções como a da Roberto
Marinho é não provocar a concentração de viagens no centro.
Mas ressalva: "Preferia que
fosse investido em transporte
público"; "são obras voltadas ao
automóvel e que não resolvem
os problemas do trânsito. Vai
até ter impacto, mas limitado".
O especialista Horácio Augusto Figueira considera que
túnel voltado aos carros "é jogar uma fortuna no lixo". Ele
compara a obra da Sena Madureira ao túnel da Rebouças. "Vai
ter congestionamento no semáforo seguinte e até dentro do
túnel. É ir na contramão."
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