São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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MARIA DE LOURDES MAURA FONTANA

A ofensa era perguntarem-lhe a idade

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para não despertar o furacão adormecido em Maria de Lourdes Maura Fontana, havia entre suas amigas uma lei do silêncio. Poderiam até saber quantos anos ela tinha, mas ficavam de bico fechado.
"Tem mesmo que publicar a idade?", questiona Flávia, a filha. "Seria uma traição." A maior ofensa da vida de Maria de Lourdes era essa: responder quantos anos tinha.
Mãe de três filhos e avó de seis netos, nasceu em Porto Alegre. Depois de casada, mudou-se para Concórdia, cidade de Santa Catarina, hoje com 67.249 habitantes.
O marido, Victor, recém-formado em química industrial, foi trabalhar na fábrica que o tio havia fundado: a Sadia -anos depois, seria secretário da Agricultura de SC, vice-governador e deputado federal por duas vezes.
Maria ficou na pacata cidade por longos anos, até 1962. Não se enfurnou em casa: além de cuidar dos afazeres domésticos, deu aulas de inglês, organizou peças de teatro -como "Dona Xepa", de Pedro Bloch, em que atuou- , jogou vôlei e escreveu crônicas para o jornal local.
"Ela participou ativamente da vida social e esportiva da cidade", brinca a filha.
Em SP, onde morreu sábado, vítima de um edema pulmonar, trabalhou como voluntária em feiras da Apae. Há poucos anos, já com a idade avançada, ainda jogava vôlei. A missa de sétimo dia será amanhã, às 11h, na igreja Nossa Sra. do Brasil, em SP.

obituario@grupofolha.com.br


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