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Acusado de burlar fila do fígado é absolvido
O médico Joaquim Ribeiro Filho foi inocentado em 1ª instância em ação civil; Ministério Público Federal vai recorrer
O médico ainda responde a processo criminal em que é acusado de desrespeitar
a fila de espera por transplante de fígado no Rio
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Acusado de burlar a fila de espera do transplante de fígado
no Rio, o médico Joaquim Ribeiro Filho foi absolvido em
primeira instância na ação civil
que respondia na Justiça Federal sob acusação de improbidade administrativa.
Movida em 2003 por iniciativa do Ministério Público Federal, a ação tratava do caso do
transplante de Jaime Ariston,
irmão do então secretário estadual de Transportes. Ele ocupava o 32º lugar da fila quando
foi submetido ao transplante, o
que, segundo a acusação, consistiu em benefício ilegal praticado pelo médico.
Ribeiro Filho ainda responde
a processo criminal sob acusação de formação de quadrilha,
falsidade ideológica, concussão
e corrupção passiva -que resultou na prisão dele por cerca
de uma semana em 2008.
Lilea Pires de Medeiros, juíza
substituta da 21ª Vara Federal,
no entanto, considerou que não
houve irregularidades no caso
Ariston porque o órgão era
"marginal" -ou seja, não estava em condições ideais de
transplante. Para a decisão, ela
levou em consideração o fato
de o médico ter apresentado
declarações de pacientes que
estavam na frente da fila e que
diziam não ser candidatos a órgãos marginais.
A sentença será alvo de um
recurso da procuradora da República Marina Filgueira, que
prepara um pedido de anulação. O Ministério Público Federal suspeita que o fígado
transplantado não era marginal e questiona o fato de não ter
sido realizada uma perícia para
comprovar a qualidade do órgão, apesar de uma amostra do
mesmo ainda estar disponível.
Filgueira diz ainda que, mesmo que o órgão não estivesse
em condições ideais de uso, ele
teria que ter sido oferecido aos
pacientes que estavam na frente de Ariston na fila. "Ele juntou declarações de uns dez pacientes, mas todas com data
posterior ao transplante e à requisição de esclarecimento feita pelo Ministério Público", diz.
O advogado e irmão de Ribeiro Filho, Paulo Freitas Ribeiro,
afirma que as declarações dos
pacientes são posteriores porque o processo de decisão sobre
a aceitação ou não de fígados
marginais era "dinâmico".
Segundo ele, eram feitas reuniões semanais nas quais os pacientes decidiam se aceitavam
ou não receber um fígado marginal. Ele diz ainda que essa decisão podia mudar de uma semana para outra, de acordo
com a evolução do quadro, e seria "absurdo" pegar declarações semanais dos pacientes.
Ele disse estar confiante de
que o cirurgião será absolvido
também na esfera criminal, na
qual é analisado, além do caso
de Ariston, o suposto benefício
de outros dois pacientes.
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