Apesar de pista boa, curvas suaves e tráfego fluente, quem pegou trecho sul na estreia encontrou falta de retornos, de sinalização e de orelhões

O condutor pode ter problemas em caso de emergência, já que não há postos de combustível e bases policiais no trecho

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com muitos prós, como boa pista, curvas suaves e tráfego fluente, ainda assim o trecho sul do Rodoanel, inaugurado ontem, teve uma série de contras para motoristas que o elegeram como opção.
Todas as falhas contribuem para a mesma consequência: com pouca sinalização, falta de retornos, de telefones de emergência, de postos de gasolina, de base policial e até de sinal de telefone celular em um trecho curto (cerca de 3 km), o condutor segue isolado pela pista, sem ter a quem recorrer em caso de emergência.
Os poucos retornos que existem nos dois sentidos entre a Régis Bittencourt e a Anchieta -ontem, eles estavam sem sinalização adequada- podem fazer com que um veículo de socorro tenha que percorrer dezenas de quilômetros para chegar ao carro danificado.
Após perguntar para um funcionário da Dersa sobre onde retornar, a reportagem encontrou um retorno operacional (voltado a bombeiros, por exemplo) a 13 quilômetros do local em que estava.
Apesar de o anel viário ter sido projetado para não ter postos de gasolina nem retornos, a longa distância que existe entre a Régis Bittencourt e o sistema Anchieta-Imigrantes, mais de 50 km, é um complicador para o motorista. O trecho oeste também tem as mesmas características, mas a distância entre as saídas é menor.
Os motoristas que estrearam o anel viário paulistano ontem viram um cenário de obra inacabada. Sinalizações horizontais e verticais ainda não existem em várias partes. Querer saber qual o quilômetro exato de alguns pontos, por exemplo, é difícil. Funcionários ainda trabalhavam no acostamento.
Não existem bases da polícia nem postos de combustíveis nos 54 quilômetros que separam a Régis Bittencourt da Anchieta. Ontem, porém, a polícia fiscalizava as novas vias.

Elogios
A maioria dos que usavam o Rodoanel na hora do almoço, no sentido do litoral, tinha placa do interior. No sentido oposto, da Imigrantes para a Régis, os caminhoneiros elogiaram a via. Um dos motoristas vinha de Santos para Minas Gerais.
"Foi show de bola. Saí da Volks [em São Bernardo do Campo] às 5h [17h]. Agora são 5h35 [17h35]. Vou usar sempre", dizia Edilson Ferreira.
O tráfego esteve intenso em várias partes do dia, mas sem lentidões. Das 6h40 às 17h, 29 mil veículos usaram a via. Desse total, 65% eram carros de passeio e 35% caminhões. A estimativa do governo é que 72 mil veículos passem todos os dias pelo trecho sul.
Ontem, a novidade não era apenas para os motoristas. Dezenas de crianças e adultos estavam parados sobre os barrancos nas regiões de Embu-Guaçu e Itapecerica da Serra para ver os carros passarem.


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