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SEGURANÇA
Veículos passam a circular com só um soldado; especialistas dizem que modelo é perigoso e ineficiente
PM testa "policial solitário" no centro
Caio Guatelli/Folha Imagem
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Sozinho, policial militar faz ronda na avenida Paulista, em experiência por enquanto restrita à região central de SP |
ALESSANDRO SILVA
MARIANA VIVEIROS
da Reportagem Local
Como nova estratégia contra o
crime, a Polícia Militar colocou
em circulação 200 veículos para
fazer um patrulhamento solitário.
Em cada carro, em vez de dois soldados, incluindo o que fica ao volante, há um único homem.
A experiência está restrita ao
centro expandido de São Paulo
-área delimitada pelas marginais Pinheiros e Tietê-, mas deve ser ampliada.
Especialistas em segurança e entidades de policiais afirmam que
esse modelo de patrulhamento é
ineficiente, além de ser perigoso
para o soldado.
Normalmente, os policiais militares trabalham em dois ou mais,
e um dá cobertura ao outro nas
ocorrências.
""É uma forma de aumentar a
presença da polícia em locais com
baixos índices de criminalidade",
afirma Marco Vinicio Petrelluzzi,
secretário da Segurança Pública.
Segundo ele, "não há risco para os
policiais". O patrulhamento solitário é adotado em Paris, entre
outras cidades do exterior.
A Associação dos Cabos e Soldados da PM diz que a medida é
pior que ""suicídio" por causa do
tipo de criminalidade da capital.
""Um tiroteio não leva mais do
que um minuto para acabar", diz
o presidente da entidade, o cabo
Wilson de Oliveira Morais, que
também é deputado pelo PSDB.
"E ninguém sabe onde o tiroteio
vai acontecer nem se o reforço
chegará em tempo."
Furto e roubo
Petrelluzzi disse que o patrulhamento no centro expandido estará voltado mais para os crimes
contra o patrimônio -furto e
roubo. ""Antes de fazer uma abordagem, o policial pede reforço pelo rádio."
Por enquanto, não há estimativa da eficácia do projeto piloto,
que tem pouco mais de um mês
de existência na capital.
Policiais que preferem não se
identificar disseram à Folha que
já deixaram de prender criminosos por estarem sozinhos.
A Associação dos Cabos e Soldados irá pedir para o secretário
da Segurança Pública o fim da experiência. Uma das alegações será
o tempo gasto para atender uma
ocorrência na capital -ou dar
apoio a outros policiais-, que é
de cerca de dez minutos, segundo
a associação.
O comando da PM diz que o
tempo de resposta é menor e que
há prioridade em dar apoio às
equipes de rua em perigo.
Risco
Os "policiais solitários", como
os convocados para a função se
autodenominam, receberam um
colete, um carro com câmbio automático e uma pistola.
Eles têm a missão de patrulhar
as regiões bancária e comercial e a
"cracolândia", como é conhecido
o local do centro velho frequentado por traficantes e dependentes
de drogas. Segundo a Secretaria
da Segurança Pública, eles estão
aptos a atender qualquer tipo de
ocorrência policial.
Em outros países, esse modelo
de ronda é um serviço complementar. ""Esse tipo de policiamento é perfeito para cidades do interior, com no máximo 300 mil habitantes", disse o coronel reformado da PM José Vicente da Silva, pesquisador de segurança pública do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. O município de São Paulo, hoje, tem
cerca de 10 milhões de habitantes.
Na capital, a experiência também está sendo testada à noite.
""Não colocaria um policial sozinho à noite nas ruas, porque a escuridão o torna mais vulnerável",
afirma Silva.
Carros novos
O governo do Estado comprou
cerca de 600 veículos para a Polícia Militar este ano, incluindo os
carros do tipo Vectra, com câmbio automático, para o policiamento solitário.
Segundo a corporação, nos horários de pico, há cerca 900 veículos em circulação pelas ruas de
São Paulo, incluindo os carros dos
policiais solitários.
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