São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NARCOTRÁFICO
Firma investigada por CPI assumiu os custos do condomínio de Augusto Farias em fevereiro
Empresa pagou conta de irmão de PC

ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió

MÁRIO MAGALHÃES
enviado especial a Maceió

Dinheiro da conta de uma empresa investigada pela CPI do Narcotráfico pagou em fevereiro o condomínio do apartamento do deputado Augusto Farias (PPB-AL), localizado em Maceió.
O deputado negara em dezembro ser dono da Tigre Vigilância Patrimonial de Alagoas Ltda., a firma de cuja conta saiu o pagamento do seu condomínio.
A empresa está em nome de Marcos Tenório Maia e Luiza Antonieta Taques, apontados pela CPI como suspeitos de ser testas-de-ferro de Augusto Farias. Em dezembro, integrantes da CPI que estiveram em Maceió afirmaram suspeitar que a Tigre fosse usada para "lavar" dinheiro.
O deputado afirma que Maia foi seu assessor no passado. Luiza é secretária do gabinete do parlamentar na Câmara.
A ligação entre os três será uma das principais investigações que a CPI fará a partir de hoje na capital alagoana. O deputado deve ser convidado a depor novamente.
Um extrato da agência do Banco Rural de Maceió do dia 10 de fevereiro último pode indicar que Farias teria mentido ao negar ter participação na empresa.
Na operação, registrada com o número 035 10020004 037, foi quitado o condomínio do seu imóvel, no valor de R$ 560.
O documento faz parte de material recolhido pela CPI neste ano na agência bancária. Entre os extratos, descobriu-se movimentação nas contas de Paulo César Farias, irmão de Augusto, e Suzana Marcolino, após o assassinato dos dois em 1996. Há transferência da conta de PC para a de Augusto.
A Tigre emitiu cheque em favor de si mesma, sacando R$ 8.015,59 no caixa. Na mesma sequência, fez o pagamento, em dinheiro, de uma série de contas, entre elas a do condomínio do deputado. A diferença entre os R$ 8.015,59 e as contas quitadas foi entregue em espécie ao emissário da empresa.
A Folha teve acesso tanto ao extrato como ao comprovante do condomínio.
Em dezembro, a Polícia Federal apreendeu na sede da Tigre registros de imóveis, declarações de Imposto de Renda, extratos bancários e outros papéis em nome de Augusto Farias.
Quando foi feita a descoberta, o deputado Róbson Tuma (PFL-SP), sub-relator da CPI para Alagoas, disse que, se confirmado que Augusto Farias é o dono da Tigre, a comissão poderia pedir a sua cassação por supostamente ter mentido. Na opinião de Tuma, seria o caso de quebra de decoro parlamentar.
No catálogo telefônico de 1999, o telefone da Tigre é o mesmo da casa do deputado.
Marcos Maia é testemunha fundamental de Augusto Farias no caso PC. O deputado foi indiciado pela polícia de Alagoas como co-autor das mortes do seu irmão Paulo César Farias e de Suzana Marcolino em 1996.
O parlamentar disse ter recebido pelo telefone de Marcos Maia, que estaria junto com ele, a notícia das mortes.
A CPI do Narcotráfico volta hoje a investigar o caso do assassinato de PC e Suzana. O legista Badan Palhares, coordenador do laudo que baseou a tese de que Suzana teria matado Paulo César e se suicidado, foi chamado para depor, segundo a comissão.


Texto Anterior: Minas: Presos fogem por banheiro de creche
Próximo Texto: Deputado confirma os pagamentos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.