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NARCOTRÁFICO
Firma investigada por CPI assumiu os custos do condomínio de Augusto Farias em fevereiro
Empresa pagou conta de irmão de PC
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
MÁRIO MAGALHÃES
enviado especial a Maceió
Dinheiro da conta
de uma empresa investigada pela CPI
do Narcotráfico pagou em fevereiro o
condomínio do
apartamento do deputado Augusto Farias (PPB-AL), localizado
em Maceió.
O deputado negara em dezembro ser dono da Tigre Vigilância
Patrimonial de Alagoas Ltda., a
firma de cuja conta saiu o pagamento do seu condomínio.
A empresa está em nome de
Marcos Tenório Maia e Luiza Antonieta Taques, apontados pela
CPI como suspeitos de ser testas-de-ferro de Augusto Farias. Em
dezembro, integrantes da CPI que
estiveram em Maceió afirmaram
suspeitar que a Tigre fosse usada
para "lavar" dinheiro.
O deputado afirma que Maia foi
seu assessor no passado. Luiza é
secretária do gabinete do parlamentar na Câmara.
A ligação entre os três será uma
das principais investigações que a
CPI fará a partir de hoje na capital
alagoana. O deputado deve ser
convidado a depor novamente.
Um extrato da agência do Banco Rural de Maceió do dia 10 de
fevereiro último pode indicar que
Farias teria mentido ao negar ter
participação na empresa.
Na operação, registrada com o
número 035 10020004 037, foi quitado o condomínio do seu imóvel,
no valor de R$ 560.
O documento faz parte de material recolhido pela CPI neste ano
na agência bancária. Entre os extratos, descobriu-se movimentação nas contas de Paulo César Farias, irmão de Augusto, e Suzana
Marcolino, após o assassinato dos
dois em 1996. Há transferência da
conta de PC para a de Augusto.
A Tigre emitiu cheque em favor
de si mesma, sacando R$ 8.015,59
no caixa. Na mesma sequência,
fez o pagamento, em dinheiro, de
uma série de contas, entre elas a
do condomínio do deputado. A
diferença entre os R$ 8.015,59 e as
contas quitadas foi entregue em
espécie ao emissário da empresa.
A Folha teve acesso tanto ao extrato como ao comprovante do
condomínio.
Em dezembro, a Polícia Federal
apreendeu na sede da Tigre registros de imóveis, declarações de
Imposto de Renda, extratos bancários e outros papéis em nome
de Augusto Farias.
Quando foi feita a descoberta, o
deputado Róbson Tuma (PFL-SP), sub-relator da CPI para Alagoas, disse que, se confirmado
que Augusto Farias é o dono da
Tigre, a comissão poderia pedir a
sua cassação por supostamente
ter mentido. Na opinião de Tuma,
seria o caso de quebra de decoro
parlamentar.
No catálogo telefônico de 1999,
o telefone da Tigre é o mesmo da
casa do deputado.
Marcos Maia é testemunha fundamental de Augusto Farias no
caso PC. O deputado foi indiciado
pela polícia de Alagoas como co-autor das mortes do seu irmão
Paulo César Farias e de Suzana
Marcolino em 1996.
O parlamentar disse ter recebido pelo telefone de Marcos Maia,
que estaria junto com ele, a notícia das mortes.
A CPI do Narcotráfico volta hoje a investigar o caso do assassinato de PC e Suzana. O legista Badan
Palhares, coordenador do laudo
que baseou a tese de que Suzana
teria matado Paulo César e se suicidado, foi chamado para depor,
segundo a comissão.
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