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Paralisação de ônibus pode afetar 300 mil
da Reportagem Local
A cidade de São Paulo enfrenta
na manhã de hoje mais uma paralisação de ônibus na zona norte.
Os motoristas e cobradores das
empresas Brasil Luxo, Jaraguá,
Paulista e Nações Unidas cruzam
os braços nos terminais Santana e
Vila Nova Cachoeirinha.
A paralisação deve ocorre das
9h às 11h da manhã e pode prejudicar, de acordo com o sindicato
dos condutores de São Paulo, cerca de 300 mil pessoas.
Motoristas e cobradores reivindicam reposição da perda salarial
equivalente a 12%, aumento real
de 5%, maior número de vales-refeição, cesta básica, convênio médico e seguro maior para o caso de
morte no serviço.
Na semana passada, os sindicalistas já haviam promovido protestos nas regiões sul e leste da cidade. As empresas alegam que
não têm dinheiro disponível para
atender as reivindicações.
Os trabalhadores protestam
também contra a violência na cidade de São Paulo, que tem vitimado muitos dos funcionários
das empresas de ônibus nos últimos meses. Desde o início do ano,
14 motoristas e cobradores foram
assassinados em serviço. Em
1999, o sindicato afirma que foram 13 vítimas, e em 1998, 12.
O diretor da entidade Geraldo
Diniz avalia que os trabalhadores
estão "entre a cruz e a espada".
"As empresas de ônibus ganham por passageiros transportados e têm feito pressão para que
todos paguem as viagens", disse.
Segundo o sindicalista, isso
ocorre mesmo com as companhias instalando câmeras e colocando agentes à paisana dentro
dos ônibus para fiscalizar o pagamento das passagens.
Ele espera que os usuários dos
ônibus paulistanos compreendam o protesto. "A luta é justa e,
apesar de prejudicar a população,
é a única maneira que o sindicato
tem de conseguir atenção."
Segundo o diretor, essa não é a
melhor maneira de resolver a situação. "Os trabalhadores chegam a pagar R$ 5 ou R$ 10 de pedágio para membros do tráfico de
drogas. Se você não paga, corre o
risco de perder a vida", afirmou.
Uma das vítimas mais recentes
desse tipo de violência é um
exemplo da pressão a que estão
submetidos os empregados das
empresas de ônibus. O cobrador
da Brasil Luxo Ednaldo MatosPassero, 33, foi morto a tiros na
última sexta-feira. Impedido de
viajar sem pagar, o passageiro teria se vingado do funcionário.
"Os trabalhadores podem sair
antes de casa. O passageiro precisa entender que também pode ser
vítima dessa violência. Não são
raras as ocasiões em que os usuários são agredidos durante assaltos a ônibus", disse o sindicalista.
Segundo Diniz, é comum que as
vítimas de assaltos nos ônibus
não registrem a ocorrência nas
delegacias. "Precisamos de colaboração. Se for vítima ou testemunha de assalto ou outro crime,
registre a ocorrência para que a
polícia possa investigá-lo."
"Precisamos de todos os instrumentos para brigar com o poder
público", afirmou o diretor. O
sindicato tem exigido do governo
do Estado e da prefeitura providências para coibir a violência
que afeta a vida dos condutores.
Manifestação
Os trabalhadores farão ainda
amanhã uma manifestação pela
garantia do posto de cobrador e
por mais segurança, em Brasília.
O ato público está previsto para
ocorrer diante do Ministério dos
Transportes, às 16h, no momento
em que o ministro Francisco Dornelles estiver assinando portaria
que elimina a catraca eletrônica.
O sindicato estima que, com essa medida, cerca de 160 mil cobradores terão os empregos garantidos, 22 mil deles só em São Paulo.
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