São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2000


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Paralisação de ônibus pode afetar 300 mil

da Reportagem Local

A cidade de São Paulo enfrenta na manhã de hoje mais uma paralisação de ônibus na zona norte. Os motoristas e cobradores das empresas Brasil Luxo, Jaraguá, Paulista e Nações Unidas cruzam os braços nos terminais Santana e Vila Nova Cachoeirinha.
A paralisação deve ocorre das 9h às 11h da manhã e pode prejudicar, de acordo com o sindicato dos condutores de São Paulo, cerca de 300 mil pessoas.
Motoristas e cobradores reivindicam reposição da perda salarial equivalente a 12%, aumento real de 5%, maior número de vales-refeição, cesta básica, convênio médico e seguro maior para o caso de morte no serviço.
Na semana passada, os sindicalistas já haviam promovido protestos nas regiões sul e leste da cidade. As empresas alegam que não têm dinheiro disponível para atender as reivindicações.
Os trabalhadores protestam também contra a violência na cidade de São Paulo, que tem vitimado muitos dos funcionários das empresas de ônibus nos últimos meses. Desde o início do ano, 14 motoristas e cobradores foram assassinados em serviço. Em 1999, o sindicato afirma que foram 13 vítimas, e em 1998, 12.
O diretor da entidade Geraldo Diniz avalia que os trabalhadores estão "entre a cruz e a espada".
"As empresas de ônibus ganham por passageiros transportados e têm feito pressão para que todos paguem as viagens", disse.
Segundo o sindicalista, isso ocorre mesmo com as companhias instalando câmeras e colocando agentes à paisana dentro dos ônibus para fiscalizar o pagamento das passagens.
Ele espera que os usuários dos ônibus paulistanos compreendam o protesto. "A luta é justa e, apesar de prejudicar a população, é a única maneira que o sindicato tem de conseguir atenção."
Segundo o diretor, essa não é a melhor maneira de resolver a situação. "Os trabalhadores chegam a pagar R$ 5 ou R$ 10 de pedágio para membros do tráfico de drogas. Se você não paga, corre o risco de perder a vida", afirmou.
Uma das vítimas mais recentes desse tipo de violência é um exemplo da pressão a que estão submetidos os empregados das empresas de ônibus. O cobrador da Brasil Luxo Ednaldo MatosPassero, 33, foi morto a tiros na última sexta-feira. Impedido de viajar sem pagar, o passageiro teria se vingado do funcionário.
"Os trabalhadores podem sair antes de casa. O passageiro precisa entender que também pode ser vítima dessa violência. Não são raras as ocasiões em que os usuários são agredidos durante assaltos a ônibus", disse o sindicalista.
Segundo Diniz, é comum que as vítimas de assaltos nos ônibus não registrem a ocorrência nas delegacias. "Precisamos de colaboração. Se for vítima ou testemunha de assalto ou outro crime, registre a ocorrência para que a polícia possa investigá-lo."
"Precisamos de todos os instrumentos para brigar com o poder público", afirmou o diretor. O sindicato tem exigido do governo do Estado e da prefeitura providências para coibir a violência que afeta a vida dos condutores.

Manifestação
Os trabalhadores farão ainda amanhã uma manifestação pela garantia do posto de cobrador e por mais segurança, em Brasília. O ato público está previsto para ocorrer diante do Ministério dos Transportes, às 16h, no momento em que o ministro Francisco Dornelles estiver assinando portaria que elimina a catraca eletrônica.
O sindicato estima que, com essa medida, cerca de 160 mil cobradores terão os empregos garantidos, 22 mil deles só em São Paulo.



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