São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2000


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Unesco quer financiar país pobre

ANTONIO GOIS
enviado especial a Dacar

A Unesco pretende conseguir para os países pobres US$ 8 bilhões por ano para que invistam em educação. A meta foi anunciada por Svein Osttveit, secretário-executivo da conferência mundial Educação para Todos, que acabou na sexta-feira, em Dacar (Senegal). O dinheiro deve ser obtido com o Banco Mundial e com órgãos privados de financiamento.
"Nós sabemos que alguns países não conseguirão atingir as metas do encontro sem ajuda externa. É preciso, no entanto, que o governo e a sociedade tenham um plano objetivo e transparente de educação", afirmou Osttveit.
O dinheiro deve ir principalmente para países da África e do sul da Ásia.
Os 181 governos presentes na conferência rejeitaram a proposta de estabelecer uma porcentagem mínima do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país) para que cada nação gastasse em educação. A proposta feita pelas Organizações Não-Governamentais era de 6% do PIB. Por pressão dos governos, essa proposta ficou de fora do documento final.
O texto da conferência apontou mais uma vez a meta de que os países que assinaram o documento universalizem o acesso à educação primária (correspondente ao ensino fundamental no Brasil). Hoje, em todo o mundo, 113 milhões de crianças, principalmente mulheres, estão fora da escola.
A carta assinada pelas delegações propõe algumas metas que o Brasil praticamente já conseguiu alcançar, como a universalização do ensino, mas inclui também objetivos ainda distantes da realidade brasileira.
"O grande esforço do Brasil precisa ser pela melhoria da qualidade de ensino", afirmou a chefe da delegação brasileira e presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Maria Helena Castro.

Novo Grupo
Na conferência de Dacar, governos de países em desenvolvimento sugeriram a criação de um novo grupo de atuação dentro da Unesco. Atualmente, o Brasil faz parte do E-9, conjunto de nove países mais populosos do mundo.
Nas discussões em Dacar, foi sugerida a criação de um novo grupo, que abrigasse países em um segundo estágio de desenvolvimento, como Brasil, Argentina, Chile, China e outros. A idéia foi rejeitada.
Algumas das metas aprovadas na reunião são específicas para países da África e do sul da Ásia, como a diminuição da desigualdade entres sexos, a universalização do ensino e o combate preventivo à Aids nas escolas.


O jornalista Antônio Gois viajou a Dacar a convite da Unesco.

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