|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Unesco quer financiar país pobre
ANTONIO GOIS
enviado especial a Dacar
A Unesco pretende conseguir
para os países pobres US$ 8 bilhões por ano para que invistam
em educação. A meta foi anunciada por Svein Osttveit, secretário-executivo da conferência mundial
Educação para Todos, que acabou na sexta-feira, em Dacar (Senegal). O dinheiro deve ser obtido
com o Banco Mundial e com órgãos privados de financiamento.
"Nós sabemos que alguns países não conseguirão atingir as
metas do encontro sem ajuda externa. É preciso, no entanto, que o
governo e a sociedade tenham um
plano objetivo e transparente de
educação", afirmou Osttveit.
O dinheiro deve ir principalmente para países da África e do
sul da Ásia.
Os 181 governos presentes na
conferência rejeitaram a proposta
de estabelecer uma porcentagem
mínima do PIB (Produto Interno
Bruto, soma das riquezas produzidas no país) para que cada nação gastasse em educação. A proposta feita pelas Organizações
Não-Governamentais era de 6%
do PIB. Por pressão dos governos,
essa proposta ficou de fora do documento final.
O texto da conferência apontou
mais uma vez a meta de que os
países que assinaram o documento universalizem o acesso à educação primária (correspondente
ao ensino fundamental no Brasil).
Hoje, em todo o mundo, 113 milhões de crianças, principalmente
mulheres, estão fora da escola.
A carta assinada pelas delegações propõe algumas metas que o
Brasil praticamente já conseguiu
alcançar, como a universalização
do ensino, mas inclui também objetivos ainda distantes da realidade brasileira.
"O grande esforço do Brasil precisa ser pela melhoria da qualidade de ensino", afirmou a chefe da
delegação brasileira e presidente
do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais),
Maria Helena Castro.
Novo Grupo
Na conferência de Dacar, governos de países em desenvolvimento sugeriram a criação de um novo grupo de atuação dentro da
Unesco. Atualmente, o Brasil faz
parte do E-9, conjunto de nove
países mais populosos do mundo.
Nas discussões em Dacar, foi
sugerida a criação de um novo
grupo, que abrigasse países em
um segundo estágio de desenvolvimento, como Brasil, Argentina,
Chile, China e outros. A idéia foi
rejeitada.
Algumas das metas aprovadas
na reunião são específicas para
países da África e do sul da Ásia,
como a diminuição da desigualdade entres sexos, a universalização do ensino e o combate preventivo à Aids nas escolas.
O jornalista Antônio Gois viajou a Dacar a
convite da Unesco.
Texto Anterior: Sindicato tenta paralisação de hospital da Unicamp Próximo Texto: Saúde: Campanha mede pressão arterial Índice
|