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São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2003

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OUTRO LADO

Meta era adubar, diz empresa

DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras apresentou duas explicações para a localização pela polícia de tambores abandonados e de toneladas de lama despejadas ao lado dos manguezais da Reduc (Refinaria Duque de Caxias), em Duque de Caxias.
Segundo a versão da empresa, os cerca de cem tambores não puderam ser retirados do local por causa das chuvas fortes ocorridas no final de janeiro.
Uma estrada de terra, único acesso ao terreno onde os tambores estavam depositados, teria virado um lamaçal, impedindo a passagem de caminhões.
O despejo da lama ao lado do manguezal teve o objetivo de iniciar um projeto de regeneração do solo, de acordo com a Petrobras e a Reduc.
O despejo do material não foi autorizado pelos órgãos ambientais. Os mangues são áreas de preservação permanente e protegidos pela legislação ambiental.
Indiciado no inquérito da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, o gerente-geral da refinaria, Kleiber Castilho, disse à Folha que havia nos tambores resíduos da produção misturados à água e "muita terra".
Os resíduos e a terra encontrados no local seriam provenientes da limpeza das canaletas do sistema de drenagem da refinaria.
Castilho disse que, a partir da vistoria realizada pela equipe policial, os tambores foram retirados do local em dois dias.
"Talvez a gente pudesse ter adotado um procedimento melhor, mas não houve prejuízo ao meio ambiente. Foi um episódio eventual. O local ficou isolado pelas chuvas", afirmou Castilho.
Quanto à lama, o gerente-geral disse não haver risco de contaminação ambiental por rejeitos industriais e metais pesados.
"Jamais colocaríamos ali algo que representasse um perigo de contaminação", disse ele.

Adubo
O coordenador de Meio Ambiente da Reduc, Carlos Antônio Machado Santos, disse que a lama serve como uma espécie de adubo para que a área vizinha aos manguezais passe por um processo de regeneração vegetal.
"O solo é pobre em nutrientes. Precisamos usar matéria orgânica para ativá-lo. Essa lama é matéria orgânica tirada do fundo da baía e do canal. É solo de mangue", afirmou Santos.
Também indiciado no inquérito, ele, como Castilho, não reclamou da atuação da DPMA.
"Os policiais não foram arbitrários. Estão fazendo o trabalho deles", afirmou.
Para Santos, a tonelagem da lama está superestimada pela polícia. Ele afirmou calcular haver no máximo 10 mil toneladas no local, despejadas em janeiro, durante duas semanas. (ST)


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