São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008

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Secretário-adjunto nega relação com policial

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário-adjunto da Segurança Pública, Lauro Malheiros Neto, afirmou à Folha, na noite de ontem, não ter feito nenhum tipo de pedido ao ex-chefe do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), delegado Nelson Silveira Guimarães, que pudesse favorecer a transferência do investigador Augusto Peña dentro da Polícia Civil.
"Eu nunca fiz contato com o doutor Nelson [Silveira Guimarães]. Nos assuntos administrativos de trabalho, a gente fala com quem? Delegado-geral, comandante-geral. Aqui [na Segurança Pública], a gente traça a política de macro segurança. A política interna das polícias, as remoções, são tratadas no âmbito interno deles [diretores de departamentos das polícias Civil e Militar]", disse Malheiros Neto.
"Não, não fiz essa ligação. Eu não sabia nem onde trabalhava o policial Augusto. Outra coisa: à época, o doutor Nelson era diretor do Demacro. Como diretor, ele tem a competência de fazer a modificação que ele bem entender dentro da jurisdição dele, ou seja, no Demacro", continuou.
A transferência do investigador Peña do Demacro [onde estava lotado administrativamente na delegacia de Suzano] para o Deic foi publicada na edição de 11 de janeiro de 2007 do "Diário Oficial do Estado" e foi autorizada pela Delegacia Geral da Polícia Civil. Malheiros Neto assumiu a "vice-presidência" da Segurança Pública em 3 de janeiro de 2007.
Ao ser questionado sobre quais foram os motivos que levaram o delegado Nelson Guimarães, hoje no Detran (Departamento Estadual de Trânsito), a afirmar ao Ministério Público que ele intercedeu, sim, pela transferência de Peña do Demacro para o Deic, Malheiros Neto respondeu: "Não vou especular sobre um assunto que eu não sei".
Como afirma não ter vínculos com o policial Peña e não ter pedido para que ele fosse transferido, Malheiros Neto disse não saber se vai tomar alguma providência legal contra as afirmações de Guimarães ao Ministério Público. "Fiquei sabendo disso [declarações de Guimarães] só na tarde de ontem [quarta-feira]."
Guimarães foi chefe de Malheiros Neto quando ambos trabalharam juntos, na primeira metade da década de 90, no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Foi nesse setor da polícia que Malheiros Neto chefiou Peña.
Ao falar sobre como poderia comprovar que não teve contato próximo com Peña nos últimos anos, Malheiros Neto disse que seu sigilo telefônico está à disposição da Promotoria.
"Eu não sou investigado, mas se precisar investigar, o Ministério Público pede a quebra do sigilo [telefônico]. Não tenho contato com ninguém. Só tive contato profissional naquela época, naqueles dois casos que falei [duas ações na área cível em que o escritório de advocacia da família Malheiros atuou pelo investigador]", disse o secretário-adjunto.
Segundo Regina Célia de Carvalho declarou à Folha, Peña pagava a Malheiros Neto para que ele o ajudasse dentro da Polícia Civil. Questionado sobre essa afirmação, o secretário-adjunto classificou a acusação como "um absurdo".
Sobre como classifica o policial que pratica um crime como o que é imputado pelo Ministério Público ao policial Peña -extorsão mediante seqüestro-, Malheiros Neto afirmou: "Classifico como um péssimo policial, uma péssima pessoa, um péssimo cidadão, mas isso ainda está em apuração, inclusive. É um preceito constitucional que ninguém é considerado culpado até trânsito em julgado de sentença." (ANDRÉ CARAMANTE E KLEBER TOMAZ)

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