|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Secretário-adjunto nega relação com policial
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário-adjunto da Segurança Pública, Lauro Malheiros Neto, afirmou à Folha,
na noite de ontem, não ter feito
nenhum tipo de pedido ao ex-chefe do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da
Macro São Paulo), delegado
Nelson Silveira Guimarães, que
pudesse favorecer a transferência do investigador Augusto
Peña dentro da Polícia Civil.
"Eu nunca fiz contato com o
doutor Nelson [Silveira Guimarães]. Nos assuntos administrativos de trabalho, a gente
fala com quem? Delegado-geral, comandante-geral. Aqui
[na Segurança Pública], a gente
traça a política de macro segurança. A política interna das
polícias, as remoções, são tratadas no âmbito interno deles
[diretores de departamentos
das polícias Civil e Militar]",
disse Malheiros Neto.
"Não, não fiz essa ligação. Eu
não sabia nem onde trabalhava
o policial Augusto. Outra coisa:
à época, o doutor Nelson era diretor do Demacro. Como diretor, ele tem a competência de
fazer a modificação que ele
bem entender dentro da jurisdição dele, ou seja, no Demacro", continuou.
A transferência do investigador Peña do Demacro [onde estava lotado administrativamente na delegacia de Suzano]
para o Deic foi publicada na
edição de 11 de janeiro de 2007
do "Diário Oficial do Estado" e
foi autorizada pela Delegacia
Geral da Polícia Civil. Malheiros Neto assumiu a "vice-presidência" da Segurança Pública
em 3 de janeiro de 2007.
Ao ser questionado sobre
quais foram os motivos que levaram o delegado Nelson Guimarães, hoje no Detran (Departamento Estadual de Trânsito), a afirmar ao Ministério
Público que ele intercedeu,
sim, pela transferência de Peña
do Demacro para o Deic, Malheiros Neto respondeu: "Não
vou especular sobre um assunto que eu não sei".
Como afirma não ter vínculos com o policial Peña e não
ter pedido para que ele fosse
transferido, Malheiros Neto
disse não saber se vai tomar alguma providência legal contra
as afirmações de Guimarães ao
Ministério Público. "Fiquei sabendo disso [declarações de
Guimarães] só na tarde de ontem [quarta-feira]."
Guimarães foi chefe de Malheiros Neto quando ambos
trabalharam juntos, na primeira metade da década de 90, no
DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Foi nesse setor da polícia que
Malheiros Neto chefiou Peña.
Ao falar sobre como poderia
comprovar que não teve contato próximo com Peña nos últimos anos, Malheiros Neto disse que seu sigilo telefônico está
à disposição da Promotoria.
"Eu não sou investigado, mas
se precisar investigar, o Ministério Público pede a quebra do
sigilo [telefônico]. Não tenho
contato com ninguém. Só tive
contato profissional naquela
época, naqueles dois casos que
falei [duas ações na área cível
em que o escritório de advocacia da família Malheiros atuou
pelo investigador]", disse o secretário-adjunto.
Segundo Regina Célia de
Carvalho declarou à Folha, Peña pagava a Malheiros Neto para que ele o ajudasse dentro da
Polícia Civil. Questionado sobre essa afirmação, o secretário-adjunto classificou a acusação como "um absurdo".
Sobre como classifica o policial que pratica um crime como
o que é imputado pelo Ministério Público ao policial Peña
-extorsão mediante seqüestro-, Malheiros Neto afirmou:
"Classifico como um péssimo
policial, uma péssima pessoa,
um péssimo cidadão, mas isso
ainda está em apuração, inclusive. É um preceito constitucional que ninguém é considerado culpado até trânsito em
julgado de sentença."
(ANDRÉ CARAMANTE E KLEBER TOMAZ)
Texto Anterior: Policial é suspeito também de matar colega Próximo Texto: Frase Índice
|