São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008

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Foco

Às vésperas de seus 80 anos, primeira casa modernista do Brasil está fechada

Carol Guedes/Folha Imagem
Quintal da 1ª casa modernista; cercada por muros, jardim tem mato alto e troncos caídos

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A casa no número 325 da rua Santa Cruz, na Vila Mariana (zona sul), deveria estar sendo preparada para uma festa. Antiga residência do arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik -que projetou clubes como A Hebraica, Tietê e Pinheiros- foi a primeira casa modernista do país e completa, em julho, 80 anos. Vizinhos que brigaram pelo seu tombamento, porém, dizem que não há motivo para comemorar.
A área de 12.800 m2, cercada por muros altos e com seguranças no portão, é aberta ao público, mas quase não recebe visitantes. Do lado de dentro, o jardim tem mato alto e troncos caídos pelo chão. Alguns têm marcas que evidenciam o corte recente; outros já apodreceram. No local onde se lê "bambuzal", as varas estão deitadas.
A sede, parcialmente recuperada em 2006 com uma obra que custou R$ 1 milhão à Secretaria de Estado da Cultura, nunca foi aberta. Nos tapumes que cercam a construção há um recorte, do tamanho de um caderno, onde se lê "vista da casa modernista".
Quem se aproxima vê os fundos da casa e, com esforço, reconhece a piscina -encoberta por folhas secas.
O casal Dagmar Zibas, 71, e Francisco Zibas, 73, fala com tristeza do abandono. Em 1983, eles reuniram vizinhos, fizeram manifestos e evitaram a derrubada da casa para a construção de prédios. No ano seguinte, o Condephaat (órgão estadual de defesa do patrimônio) tombou o imóvel, mas nunca o recuperou.
"Se alguém jogar um cigarro aqui, pega fogo em tudo por causa deste mato seco", diz Francisco. "A gente não consegue nem ver como está lá dentro", reclama Dagmar.
O Estado transferiu o patrimônio para o município. Segundo a Secretaria Municipal da Cultura, a transferência foi "concluída" no mês passado. A assessoria informou que há projetos para transformar o local em espaço expositivo, mas sem prazo.
A moderna octogenária não está pronta para visitas.


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