São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008

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BENEDITO PAULO TELLES (1954-2008)

E o legado de arroz-doce do Rei Momo

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Poucos monarcas têm um reinado tão curto quanto os cincos dias do Rei Momo. No caso de Benedito Paulo Telles, sete vezes coroado rei do Carnaval paulistano, o trono foi mantido às custas do arroz-doce da mulher, Zilda. E, desse modo, ele levava os 105 kg à avenida para "abrilhantar a festa".
Um reinado que parecia impossível ao garoto magro e serelepe que corria pelos trilhos do trem de Jaçanã, "o famoso de Adoniran Barbosa". Pois nasceu na Parada Inglesa, zona norte de São Paulo.
Foi no Carandiru, ali perto, que virou agente penitenciário e aonde ia a pé todo dia, na "época mais saudável da vida dele". Em casa, nada contava das tensões do ambiente. Até cursar psicologia e ir para o centro de observações criminológicas, lidar com "as motivações" das mentes dos presos.
Quando se aposentou, em 2007, "tinha visto coisa", inclusive a rebelião e o massacre de 111 pessoas em 1992. "Rotina forte", diz o filho, que ele esquecia na quadra de samba da X-9 Paulistana, escola que ajudou a fundar em 1975 e da qual foi secretário e conselheiro. A fama veio mesmo "após o casamento", quando descuidou do peso.
Engordou mais e acumulou sete troféus até 2004, quando passou o legado ao filho. Benedito Thadeu tentou três vezes, com seus 117 kg, e em 2007 conseguiu. Havia então um novo Rei Momo na família. Mas o antigo morreu na segunda, aos 54 anos, de parada cardiorrespiratória.


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