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BENEDITO PAULO TELLES (1954-2008)
E o legado de arroz-doce do Rei Momo
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Poucos monarcas têm um
reinado tão curto quanto os
cincos dias do Rei Momo. No
caso de Benedito Paulo Telles, sete vezes coroado rei do
Carnaval paulistano, o trono
foi mantido às custas do arroz-doce da mulher, Zilda. E,
desse modo, ele levava os 105
kg à avenida para "abrilhantar a festa".
Um reinado que parecia
impossível ao garoto magro e
serelepe que corria pelos trilhos do trem de Jaçanã, "o famoso de Adoniran Barbosa".
Pois nasceu na Parada Inglesa, zona norte de São Paulo.
Foi no Carandiru, ali perto, que virou agente penitenciário e aonde ia a pé todo
dia, na "época mais saudável
da vida dele". Em casa, nada
contava das tensões do ambiente. Até cursar psicologia
e ir para o centro de observações criminológicas, lidar
com "as motivações" das
mentes dos presos.
Quando se aposentou, em
2007, "tinha visto coisa", inclusive a rebelião e o massacre de 111 pessoas em 1992.
"Rotina forte", diz o filho,
que ele esquecia na quadra
de samba da X-9 Paulistana,
escola que ajudou a fundar
em 1975 e da qual foi secretário e conselheiro. A fama veio
mesmo "após o casamento",
quando descuidou do peso.
Engordou mais e acumulou sete troféus até 2004,
quando passou o legado ao filho. Benedito Thadeu tentou
três vezes, com seus 117 kg, e
em 2007 conseguiu. Havia
então um novo Rei Momo na
família. Mas o antigo morreu
na segunda, aos 54 anos, de
parada cardiorrespiratória.
obituario@folhasp.com.br
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