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Enchentes no Nordeste já mataram 16
Outras 80 mil pessoas tiveram de deixar suas casas em toda a região, que registrou chuvas bem acima da média de abril
Estado mais atingido é o Maranhão, onde seis pessoas morreram; entre ontem e anteontem, quatro foram soterrados em Alagoas
RENATA BAPTISTA
GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Em oito Estados do Nordeste, 16 pessoas já morreram e ao
menos 80 mil estão fora de casa
em razão das chuvas que tiveram início em abril. Só Sergipe
não tem registros na região.
Entre ontem e anteontem,
quatro pessoas morreram soterradas em deslizamentos
ocorridos em Alagoas.
O Estado mais atingido até
agora é o Maranhão, onde há
24.129 desalojados, instalados
na casa de amigos e parentes, e
16.557 desabrigados, levados
para abrigos temporários. Foram seis mortes no Estado -a
maioria por desabamentos.
Em Trizidela do Vale (230
km de São Luís), onde 60% das
casas estão debaixo d'água, cerca de 50 famílias instalaram-se
em um parque de vaquejada para fugir das enchentes.
O pescador Paulo César de
Almeida, 38, está lá há cerca de
um mês e diz que há 17 anos
busca refúgio no local quando a
água invade sua casa. Acompanhado da mulher e de três filhos adolescentes, ele diz preferir enfrentar insetos e cobras,
perto de baias de cavalos, a esperar pela Defesa Civil, que
sempre chega tarde e os coloca
em lugares "barulhentos".
O órgão diz que está prestando atendimento às famílias, retirando as pessoas do parque e
levando-as para escolas.
Em Teresina (PI), onde o número de desalojados chega a
quase 6.000, a prefeitura paga
uma bolsa de R$ 150 às famílias
que os recebem em suas casas.
A média histórica de chuvas
na capital para abril é de 299,8
mm (299,8 litros por metro
quadrado), mas a cidade registrou neste ano 546,5 mm.
No Ceará, onde quatro pessoas morreram (três afogadas e
uma eletrocutada) por causa
das chuvas, são 17 mil fora de
casa, principalmente na região
de Sobral (238 km de Fortaleza). A cidade tem média histórica de 211 mm de chuva em abril,
mas registrou 331 mm no mês.
Resgate
O capitão dos bombeiros de
Sobral, Mardens Vasconselos,
que trabalha na remoção de vítimas, diz que se comoveu com
o resgate de uma mulher de 83
anos, que morava sozinha em
uma casa de pau-a-pique às
margens do rio Acaraú.
No último domingo, quando
a enchente atingia o seu quarto,
ela foi acordada pelos bombeiros, mas só deixou sua casa, já
ilhada, quando os dois cachorros, Tupã e White, foram colocados no barco de salvamento.
"Não havia iluminação. Só
encontramos a casa porque um
parente guiou a equipe. Quando chegamos, ela disse que tinha comido farinha com leite o
dia todo porque a pessoa que levava comida a ela não conseguiu chegar até a casa", diz.
O meteorologista Eládio Barros da Silva, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia),
diz que em todas as capitais da
região -com a exceção de Aracaju e Maceió- choveu mais do
que o esperado em abril.
Segundo a meteorologista do
Cptec (Centro de Previsão do
Tempo e Estudos Climáticos),
Naiane Araujo, a zona de convergência intertropical, que estava mais ao norte, se deslocou
até o litoral do Nordeste e provocou alta umidade, que, aliada
a temperaturas altas, desencadeou as chuvas. A previsão é
que elas continuem 40% acima
da média no próximo mês.
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