São Paulo, sábado, 02 de maio de 2009

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Centro está com 228 varredores a menos

Ajudantes de limpeza que trabalhavam como garis pararam de varrer por promoção profissional, diz sindicato

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o dia 20, a região central de São Paulo está com 228 pessoas a menos para varrer as ruas. Por causa de uma disputa trabalhista entre a prefeitura, o sindicato dos garis e a empresa que detém a concessão da limpeza urbana da área, as vias estão com menos varrição e menos coleta de lixo há 11 dias.
Segundo o sindicato, pela convenção coletiva da categoria, os 228 ajudantes de limpeza não podem varrer nem coletar lixo e, por isso, deixaram de executar esses serviços depois de se queixarem de precarização da mão-de-obra.
Eles dizem que fazem o trabalho dos garis -quando só poderiam capinar o mato ou pintar o meio-fio, por exemplo-, e ganham 35% menos sem ter os benefícios dos colegas, como adicionais de insalubridade.
A discussão foi parar no Ministério Público do Trabalho que, numa audiência com a prefeitura, o sindicato dos garis e a Construfert Ambiental, empresa contratada para a varrição do centro, propôs um acordo, com prazo até 20 de abril.
Pelo acerto, os ajudantes -que ganham R$ 490- teriam de ser promovidos a garis e passar a receber como eles - R$ 635 mais 20% do salário mínimo de insalubridade. Passado o prazo, o acordo não foi cumprido. E eles pararam.
Com menos vassouras varrendo, as calçadas e praças do centro ficaram visivelmente mais sujas. Moradores se queixam do lixo acumulado em lugares de grande circulação, como a rua 25 de Março, o Mercado Municipal, o largo do Paissandu e o vale do Anhangabaú.
Os garis que continuam na varrição da região central têm de cobrir as áreas defasadas pela ausência dos colegas ajudantes de limpeza, e isso implica a queda na qualidade do serviço. Segundo a Construfert, hoje cerca de 800 funcionários trabalham para varrer as ruas.
"Como a prefeitura não regularizou os contratos, o serviço deixou de ser feito", diz Moacyr Pereira, presidente do Siemaco (o sindicato dos garis).
A Subprefeitura da Sé admite o problema, diz que equipes de varrição foram remanejadas para dar continuidade ao trabalho, mas afirma que os locais não deixaram de ser limpos.
A Construfert diz já ter feito um "plano de remanejamento de limpeza", que precisa agora ser homologado pela prefeitura no contrato vigente -que vence em novembro deste ano e é de R$ 50,3 milhões.
"Os ajudantes deixaram de fazer o serviço e hoje estão fazendo manutenção, como a pintura do meio-fio. Ninguém ficou desempregado nem há paralisação", diz Sérgio Carlos, engenheiro da empresa.
Responsável pela limpeza urbana, a Secretaria de Serviços diz desconhecer alterações no contrato de varrição da região central de São Paulo.
Nenhum dos envolvidos estima quando a defasagem na varrição das calçadas e praças da região central será resolvida.


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