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Centro está com 228 varredores a menos
Ajudantes de limpeza que trabalhavam como garis pararam de varrer por promoção profissional, diz sindicato
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde o dia 20, a região central de São Paulo está com 228
pessoas a menos para varrer as
ruas. Por causa de uma disputa
trabalhista entre a prefeitura, o
sindicato dos garis e a empresa
que detém a concessão da limpeza urbana da área, as vias estão com menos varrição e menos coleta de lixo há 11 dias.
Segundo o sindicato, pela
convenção coletiva da categoria, os 228 ajudantes de limpeza não podem varrer nem coletar lixo e, por isso, deixaram de
executar esses serviços depois
de se queixarem de precarização da mão-de-obra.
Eles dizem que fazem o trabalho dos garis -quando só poderiam capinar o mato ou pintar o meio-fio, por exemplo-, e
ganham 35% menos sem ter os
benefícios dos colegas, como
adicionais de insalubridade.
A discussão foi parar no Ministério Público do Trabalho
que, numa audiência com a
prefeitura, o sindicato dos garis
e a Construfert Ambiental, empresa contratada para a varrição do centro, propôs um acordo, com prazo até 20 de abril.
Pelo acerto, os ajudantes
-que ganham R$ 490- teriam
de ser promovidos a garis e passar a receber como eles -
R$ 635 mais 20% do salário mínimo de insalubridade. Passado o prazo, o acordo não foi
cumprido. E eles pararam.
Com menos vassouras varrendo, as calçadas e praças do
centro ficaram visivelmente
mais sujas. Moradores se queixam do lixo acumulado em lugares de grande circulação, como a rua 25 de Março, o Mercado Municipal, o largo do Paissandu e o vale do Anhangabaú.
Os garis que continuam na
varrição da região central têm
de cobrir as áreas defasadas pela ausência dos colegas ajudantes de limpeza, e isso implica a
queda na qualidade do serviço.
Segundo a Construfert, hoje
cerca de 800 funcionários trabalham para varrer as ruas.
"Como a prefeitura não regularizou os contratos, o serviço
deixou de ser feito", diz Moacyr
Pereira, presidente do Siemaco
(o sindicato dos garis).
A Subprefeitura da Sé admite
o problema, diz que equipes de
varrição foram remanejadas
para dar continuidade ao trabalho, mas afirma que os locais
não deixaram de ser limpos.
A Construfert diz já ter feito
um "plano de remanejamento
de limpeza", que precisa agora
ser homologado pela prefeitura
no contrato vigente -que vence em novembro deste ano e é
de R$ 50,3 milhões.
"Os ajudantes deixaram de
fazer o serviço e hoje estão fazendo manutenção, como a
pintura do meio-fio. Ninguém
ficou desempregado nem há
paralisação", diz Sérgio Carlos,
engenheiro da empresa.
Responsável pela limpeza urbana, a Secretaria de Serviços
diz desconhecer alterações no
contrato de varrição da região
central de São Paulo.
Nenhum dos envolvidos estima quando a defasagem na varrição das calçadas e praças da
região central será resolvida.
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