São Paulo, sábado, 2 de maio de 1998

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Força tática da PM recebe R$ 5,7 mi

CRISPIM ALVES
da Reportagem Local

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo investiu mais de R$ 5,7 milhões no projeto do comando da Polícia Militar que cria as chamadas forças táticas.
O dinheiro foi gasto com a compra de 183 picapes Blazer. O primeiro lote, com 79 carros, foi entregue ontem pela manhã em Ermelino Matarazzo, na zona leste.
As forças táticas foram criadas anteontem, quando o coronel Carlos Alberto de Camargo, comandante-geral da PM, assinou uma portaria na qual extinguiu as companhias administrativas de cada batalhão e as transformou em companhias táticas.
Antes, cada batalhão da PM era constituído por três companhias de policiamento e uma de serviços especializada em reparos e na administração do quartel.
O que Camargo fez foi transformar essas companhias de serviços nas novas forças táticas, que funcionarão como uma espécie de tropa de choque, com mobilidade estratégica para combater determinada modalidade de crime.
Apesar da mudança, as companhias, que passarão por treinamento, não perdem o caráter administrativo. Tecnicamente, haverá acúmulo de funções.
A criação das forças táticas foi criticada por dois coronéis da PM entrevistados pela Folha. Segundo esses oficiais, que pediram para não ser identificados, a extinção das companhias de serviço pode acabar estrangulando toda parte administrativa da corporação.
Os dois lembraram que mudança parecida foi tentada quando a PM era comandada pelo coronel José Francisco Profício, que criou a chamada Operação Beta, que também empregava pessoal administrativo no policiamento tático.
"Na época, acabou criando um embaraço porque a parte administrativa acabou emperrando. Foi um fracasso porque houve muito desgaste do pessoal administrativo, que acumulou uma função a mais", disse um dos coronéis.
O outro oficial citou ainda que o pessoal administrativo não tem familiaridade com o policiamento de rua, o que poderia aumentar o número de PMs mortos.
"É até uma imbecilidade alguém pensar que vou pegar um datilógrafo e dar para ele uma calibre 12. É má-fé. A companhia tática vai ser a mais técnica do batalhão", afirmou Camargo.
"O que está acontecendo na PM é uma mudança de paradigma. Isso gera alguma insegurança e pode gerar alguma resistência, mas é uma coisa normal."
Segundo Camargo, não há a menor chance de a parte administrativa da corporação acabar sendo estrangulada porque cada companhia tática vai ter um pelotão responsável por esse serviço. Além das picapes, a PM também recebeu 149 motos e 59 peruas.



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