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Tribunal veta TVs no júri de Suzane
Defesa alega que transmissão constrange jurados; pedido de adiamento do julgamento foi negado
A autorização para que
a sessão fosse transmitida
na íntegra tinha sido dada
pelo juiz Alberto Anderson
Filho, que preside o caso
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Tribunal de Justiça de São
Paulo proibiu a transmissão integral, pela televisão, do julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos. Os três confessaram ter planejado e executado o assassinato do casal Marísia e Manfred von Richthofen.
A decisão é do vice-presidente do TJ, Caio Eduardo Almeida, em atendimento à representação feita pelo desembargador José Damião Cogan.
Com a decisão, as emissoras
só poderão transmitir a abertura dos trabalhos, durante a leitura da acusação, e a sentença.
Em seu pedido, Cogan alegou
que a transmissão depende de
autorização prévia da presidência do tribunal, conforme prevê
o Assento Regimental 376, do
Órgão Especial do TJ. Outro argumento usado foi a portaria
988/70, editada no regime militar, que proíbe a entrada de máquinas de filmagem, fotográficas ou gravadoras em prédios
do Poder Judiciário. Ele também afirmou que os jurados poderiam se sentir constrangidos.
Os argumentos são os mesmos apresentados pela defesa
de Suzane para que a divulgação do julgamento fosse suspensa. O habeas corpus deverá
ser apreciado hoje por Cogan.
O advogado Mário Sérgio de
Oliveira, que defende Suzane,
disse que a transmissão do júri
poderia prejudicar a isenção
dos jurados. "Como um jurado
se pronunciará sabendo que está sendo filmado?"
A autorização para transmissão do júri foi do juiz Alberto
Anderson Filho, que preside o
caso. Ele não quis se pronunciar sobre a decisão do TJ. Na
quarta-feira, Anderson disse
que não via razão legal para não
divulgar um ato que é público.
O promotor Roberto Tardelli, responsável pela denúncia
contra Suzane, criticou a decisão do TJ. "Não dá para entender alguém ser proibido de divulgar um evento público."
A defesa de Suzane adiantou
que pedirá o adiamento do júri
logo que os trabalhos forem
abertos, na segunda. Ontem, o
ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Nilson Naves
negou o mesmo pedido. A defesa de Suzane entende que o julgamento não pode ocorrer antes que o STJ aprecie um recurso ainda em tramitação.
No caso de indeferimento do
juiz, o advogado pedirá o desmembramento do julgamento.
Segundo Oliveira, a defesa será
prejudicada nos debates porque seu tempo será dividido em
dois: Cravinhos e Suzane.
Ontem pela manhã, os irmãos Cravinhos foram transferidos da penitenciária de Itirapina para o CDP-1 de Pinheiros,
na capital.
Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, a
transferência foi em razão da
proximidade do julgamento.
Suzane aguarda o julgamento em prisão domiciliar no
apartamento de seu ex-tutor e
advogado, Denivaldo Barni, no
Morumbi. O muro do prédio foi
pichado com uma frase contra
a presença dela no local.
O TJ divulgou ontem o nome
das 80 pessoas, entre as quase
4.000 inscritas, sorteadas para
acompanhar o julgamento. Outras dez estão na lista de espera.
A relação completa está disponível no site www.tj.sp.gov.br.
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