São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2006

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Queda de laje de prédio histórico mata homem

Acidente ocorreu na Hospedaria dos Imigrantes de Santos, erguida em 1912

Prefeitura diz que catadores de ferro-velho e moradores de rua vinham retirando as vigas de sustentação; uma outra pessoa ficou ferida


MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Parte da laje do prédio da Hospedaria dos Imigrantes, em Santos, litoral sul de São Paulo, desabou por volta das 12h15 de ontem, matando um homem e deixando outro ferido.
O prédio histórico, que se encontra em estado de deterioração, foi cedido pelo Estado à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em agosto do ano passado, para a instalação de um novo campus no local.
A construção, de 1912, é uma das mais importantes da cidade (leia texto nesta página).
A queda da laje deixou Carlos Alberto Rangel dos Santos, 51, ferido e matou o outro homem, ainda não identificado pela polícia, cujo corpo foi dividido em duas partes no desabamento.
Até a conclusão desta edição, Santos seguia internado. A polícia espera sua recuperação para ver se ele consegue identificar a outra vítima do desabamento.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Santos, Luiz Marcos Albino, há algum tempo moradores de rua ou catadores de ferro-velho têm invadido o imóvel para retirar vigas metálicas da estrutura. As peças eram depois trocadas por outros objetos ou vendidas.
"Essa retirada está prejudicando a estabilidade das lajes. O saldo, hoje [ontem], de uma intervenção dessa natureza foi de um morto e um ferido", afirmou Albino. Ele disse que a área total da laje era estimada em aproximadamente 250 metros quadrados, mas que parte dela já havia sido retirada antes do desabamento.
Segundo Albino, o homem que morreu estava marretando a laje para retirar as vigas de metal quando ela desabou.

Perícia
O delegado Antonio de Pádua Brito, do 4º Distrito Policial, afirmou que espera uma perícia no local do desabamento para detectar as causas do acidente de ontem.
O prédio da hospedaria era cercado por uma grade para evitar invasões.
A Prefeitura de Santos informou que não tem mais responsabilidade pelo prédio já que ele foi cedido pelo governo do Estado à Unifesp.
A Unifesp afirmou ontem, por meio de nota, que aguarda a posse definitiva do edifício para iniciar as obras de recuperação na hospedaria.
De acordo com o texto, a Unifesp recebeu do governo estadual, em agosto do ano passado, a cessão provisória do terreno para instalar uma parte do campus Baixada Santista.
"O processo de cessão definitiva foi encaminhado à Assembléia Legislativa. No momento, ainda tramita no Legislativo, tendo sido aprovado na Comissão de Constituição e Justiça. Até que a tramitação seja concluída e o ato seja publicado, a Unifesp não tem a posse definitiva do terreno e, portanto, não pode iniciar qualquer tipo de restauro ou reforma no local", afirma o documento.
O imóvel é tombado pelo patrimônio de Santos e funcionou como armazém de bananas destinadas à exportação.


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