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Para filhos, pais adotivos são mais participativos
Pesquisa ouviu 300 filhos adotivos e 300 biológicos, com idades entre 8 e 56 anos
Uma das conclusões do
estudo da UFPR é que,
quanto mais cedo a criança
souber que foi adotada, mais
elevada será sua auto-estima
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Pais adotivos são mais participativos, convivem em maior
harmonia conjugal e interagem
mais com os filhos do que pais
biológicos. É o que dizem os
próprios filhos, em pesquisa recém-finalizada pela psicóloga
da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Lídia Weber.
O estudo ""Adoção e Interação Familiar: uma comparação
entre famílias adotivas e biológicas" submeteu questionários
a 600 pessoas -300 filhos adotivos e 300 biológicos- de diferentes partes do país, com idades de 8 a 56 anos.
A conclusão, segundo Weber,
"desmitifica a filiação adotiva",
por revelar que a família adotiva tem as mesmas características da família biológica, e também por derrubar tabus e preconceitos sobre a adoção.
Um dos tabus que caem,
aponta a pesquisadora, é o de
adiar o máximo possível a revelação de que o filho é adotado. A
pesquisa apontou que, quanto
mais cedo a criança tomar conhecimento, mais elevada é sua
auto-estima.
Todos os filhos adotivos ouvidos na pesquisa sabiam de
sua condição. Entre as crianças,
o índice de elevada auto-estima
superou 80%. Com o avanço da
idade, essa taxa tem forte queda: é de cerca de 35% em adolescentes adotados e cai para
15% em adultos.
Para Weber, a baixa auto-estima dos adultos adotivos se
deve ao preconceito que envolvia a prática no passado. ""O filho adotivo era considerado de
"segunda classe", e só se falava
sobre adoção por sussurros. O
resultado indica uma redução
do preconceito em relação às
adoções atuais", afirma a psicóloga da UFPR.
Biológicos
Entre filhos biológicos, a tendência se inverte: identificou-se auto-estima elevada em cerca de 10% das crianças e em
quase 100% dos adultos. Esses
índices, segundo a psicóloga,
aparecem com freqüência em
estudos comportamentais -a
surpresa para ela foi a auto-estima elevada das crianças adotivas, que ela atribui à consciência de sua condição.
Enquanto 46,1% dos filhos
biológicos apontaram clima negativo alto entre os pais, no grupo de adotados essa situação foi
notada por uma parcela menor:
26,6%. Weber diz que isso
ocorre pela sintonia entre os
casais adotantes, que normalmente têm problemas de infertilidade e se unem fortemente
em torno da decisão.
A melhor avaliação dos pais
pelos filhos adotivos se repete
em outros aspectos do estudo.
Das crianças e adolescentes
adotados, por exemplo, 58,3% e
42,4%, respectivamente, disseram considerar os pais participativos, ante índices de 37,7% e
29,9% entre crianças e adolescentes de pais biológicos.
Condição financeira
Boa situação financeira dos
pais foi citada como importante por apenas 3,3% dos entrevistados quando a pesquisa
sondou o que crianças e adolescentes adotivos mais valorizam
na nova família. Amor (39,1%),
diálogo, sinceridade e naturalidade (21,1%), estrutura familiar
e emocional (9,4%) e desejo de
ter filho/família (8,4%) vieram
antes da condição financeira.
A pesquisa localizou os filhos
adotivos por meio de ONGs de
apoio à adoção e por buscas em
comunidades do site de relacionamentos Orkut. A seleção dos
filhos biológicos foi feita em escolas, levando em conta semelhança de idade, sexo e grau de
instrução, entre outros pontos.
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