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TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO
Piloto da TAM diz ter visto foco de luz no mar
"Pontos luminosos" teriam sido vistos por tripulação que fazia a rota Paris-Rio, ontem; buscas vasculharão área de 2.000 km
Aeronáutica diz que as luzes não constituem indícios de destroços do avião francês e podem ser navios que estão em águas internacionais
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tripulação de um voo Paris-Rio da TAM avistou focos luminosos em alto-mar ontem de
manhã, a aproximadamente
1.300 km de Fernando de Noronha (PE). A companhia aérea
confirmou a informação em
nota divulgada à noite. A TAM
diz que entrou em contato com
as autoridades aeronáuticas
para avisar o fato.
Embora insista em que as luzes não constituem provas de
destroços e podem ser, por
exemplo, navios, a Aeronáutica
relata que os focos foram avistados cerca de 10 minutos antes
de a aeronave da TAM ingressar no espaço aéreo brasileiro.
A mesma informação foi dada pelo presidente em exercício, José Alencar. "Há uma notícia, mas muito vaga, que um
avião da TAM teria visto alguma coisa pegando fogo em uma
região do Atlântico", disse.
O relato aponta região coincidente com a de onde o Airbus
teria enviado o último sinal de
localização ao controle aéreo.
Como os pontos luminosos
estavam no espaço aéreo do Senegal, a FAB (Força Aérea Brasileira) repassou a informação
para a coordenação de busca do
país africano, trazendo à tona a
indefinição sobre quem comandará as investigações.
A dúvida existe porque, mesmo que tenha caído em águas
senegalesas, o último contato
da aeronave -considerada território francês- foi com o controle aéreo brasileiro.
Há possibilidade de se criar
uma comissão integrada por
autoridades dos três países.
Até a informação da TAM ser
divulgada, as buscas pelo Airbus se concentraram numa
área do oceano Atlântico de
cerca de 2.000 km de comprimento, que começa pouco abaixo da linha do Equador e se estende até Cabo Verde, no litoral
do Senegal.
A versão inicial apresentada
pelos governos brasileiro e
francês era de que o avião tinha
desaparecido numa região a
1.100 km de Natal e 770 km de
Fernando de Noronha.
"A tragédia que nos afeta
ocorreu na metade do caminho
entre o litoral brasileiro e a costa africana", afirmou em Paris o
diretor-geral da Air France,
Pierre-Henri Gourgeon.
Segundo a Aeronáutica, as
primeiras missões de reconhecimento foram acionadas por
volta das 2h30 de ontem. Seis
aviões e dois helicópteros partiram de diferentes pontos do
país para procurar o avião da
Air France.
A Marinha disponibilizou
três navios para as buscas, que
seguiram madrugada adentro.
"Temos que trabalhar com a
possibilidade de sobreviventes
sempre. Por isso, estamos colocando mais meios (de busca).
Enquanto não tivermos a confirmação, vamos continuar
buscando, com a esperança de
encontrar sobreviventes", disse o coronel Jorge Amaral, vice-chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica.
A Marinha também começou
a coordenar ações de busca
com a ajuda de navios mercantes, cujas rotas previam passar
pela área em que possivelmente teria ocorrido o acidente.
Até a tarde de ontem, quatro
navios mercantes já haviam sido acionados para ajudar nas
buscas. O primeiro a chegar pode ser um um navio mercante
francês, que confirmou que
passaria pelo local para atender
eventuais náufragos.
Num esforço coordenado
com o governo brasileiro, a
França mobilizou ontem três
aviões e um navio militar para
tentar localizar o Airbus.
No início da manhã, um avião
de reconhecimento do tipo
"Bréguet Atlantique" decolou
de uma base francesa em Dacar, Senegal, rumo à região do
provável acidente.
Inicialmente concebido para
a detecção de submarinos em
alto-mar, o avião a hélice é tido
como eficiente para localizar
navios em apuros. Com grande
autonomia de voo, pode passar
horas vasculhando uma área.
Em seguida, Paris enviou à
zona de buscas mais um "Bréguet", baseado na França, e um
Falcon 50, jato de pequeno porte com radares sofisticados.
O navio despachado para a
área das buscas é especializado
em carregamento de tropas e
veículos militares e usado para
missões humanitárias.
O governo espanhol reforçou
o contingente de busca com o
envio de dois aviões -um CASA 235 Guarda Civil que estava
em missão antiimigração no
Senegal e um Fokker-100.
Para reforçar as buscas, o governo francês pediu ajuda aos
EUA na tentativa de localização
por satélite mais apurados.
Águas profundas
Autoridades dizem que a hipótese mais provável é que o
Airbus tenha caído em área de
águas profundas, o que dificulta operações de resgate.
Segundo a Air France, o comandante do Airbus era experiente, com mais de 11 mil horas
de voo, e a última inspeção feita
no avião, em 16 de abril, não havia detectado falhas.
As duas caixas-pretas não
conseguem transmitir sinal de
satélite debaixo da água, mas
por 30 dias emitem ondas sonoras que podem ser pegas por
sonares de navios.
(DIANA BRITO, ANDRÉ ZAHAR, SAMY ADGHIRNI, VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, FÁBIO GUIBU, LARISSA GUIMARÃES e JOHANNA NUBLAT)
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