São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2011

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Polícia acha suspeito de trancar casas

Segundo delegado de Cravinhos, no interior de São Paulo, rapaz confessou ter colocado cadeados em portões

Exame dirá se suspeito tem transtorno mental; caso resultado seja positivo, ele não poderá responder pelos atos


ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

O "mistério" dos cadeados que apareciam da noite para o dia trancando portas e portões de moradores em Cravinhos (a 292 km de São Paulo) foi desvendado.
Na manhã de ontem, um suspeito confessou à polícia ser o autor das "brincadeiras" -ele chegou a se passar por vítima para "despistar".
Apesar de o caso ter se tornado o assunto da cidade -cada morador tem seu palpite de quem possa ser o autor-, a polícia não divulgou o nome do suspeito.
Segundo o delegado titular da cidade, Renato Saverio Costa, há indícios de que ele tenha transtorno mental.
Os cadeados apareceram nas casas de Cravinhos no início do mês passado. Moradores tentavam sair de casa pela manhã e percebiam que o portão estava trancado -não havia chave para abrir.
Foram ao menos oito casos relatados. Só uma pessoa registrou queixa na polícia.
O delegado disse que o suspeito será submetido a um exame psiquiátrico -se o laudo confirmar o quadro clínico, ele passa a ter identidade protegida pela lei, por ser inimputável (não responder por suas ações).
A polícia chegou ao suspeito após investigar a relação entre as vítimas, que, segundo o delegado, o conheciam e moravam no entorno da praça central da cidade.
"Ele disse que as vítimas eram pessoas com as quais ele tinha amizade e que tudo não passou de uma brincadeira", afirmou Costa.
Para desvendar o enigma, dois dos três investigadores da delegacia de Cravinhos foram colocados no caso durante duas semanas. Rondas foram feitas no entorno da praça João Nogueira, palco das ações "misteriosas".

"ALÍVIO"
"É um menino tão inocente que jamais pude imaginar uma coisa dessas", disse Lourdes Amoroso, 78, que teve o portão de casa trancado duas vezes. "Falavam que era ele e eu dizia: vai na delegacia e conta que não é você. Ele ria, calmamente."
Já o cabeleireiro e carnavalesco Claudinei Trigo Cabral, 44, afirmou que está aliviado porque agora não corre mais o risco de chegar em casa e encontrá-la trancada. "Já dá pra tirar a serrinha da bolsa, né?", afirmou.
De acordo com a polícia, a "brincadeira" é contravenção penal e pode ser enquadrada no enunciado do artigo 42, que trata de perturbação do sossego, com punição de 15 dias a três meses de detenção -que pode ser revertida em prestação de serviços à comunidade.


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