São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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TRANSPORTE

Cerca de mil veículos, segundo a PM, aumentaram congestionamentos ao participar de ato pela isenção de impostos

Protesto de perueiros piora trânsito em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O trânsito na cidade de São Paulo ficou ainda mais lento durante quase toda a manhã de ontem por conta de uma manifestação organizada por entidades que representam motoristas de transporte escolar. Segundo a Polícia Militar, cerca de mil veículos participaram do ato, cujo objetivo era pressionar as autoridades a isentar esses veículos do pagamento de vários impostos.
O número de participantes surpreendeu até mesmo os organizadores do protesto, que estimam existir cerca de 8.500 perueiros escolares regularizados na cidade. Apesar das ameaças de radicalização, não houve incidentes.
O pico de lentidão foi às 9h, quando a categoria se concentrou no Anhembi (zona norte). Foram 88 km de congestionamento. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a média para o horário é de 51 km.
Às 11h30, quando a média de lentidão é de 33 km, foram registrados 78 km. Nesse horário, os manifestantes se dirigiam ao Palácio do Anhangabaú, sede da prefeitura. Segundo a CET, além do ato, uma obra na marginal Pinheiros e blitze da polícia em diversas regiões da cidade contribuíram para piorar o trânsito.
Na sede da prefeitura, o grupo entregou pedido de isenção do ISS (Imposto sobre Serviços). Depois, seguiram para o Palácio dos Bandeirantes. Lurdinha Rodrigues, presidente da Federação Nacional dos Transportes Escolares (Fenatresc) e do Sindicato Estadual dos Transportadores Escolares (Simetesp), afirmou que foi agendada uma reunião para discutir a isenção do ICMS e do IPVA sobre os veículos.
Além disso, ela disse que o governo aceitou a possibilidade de discutir que as peruas escolares transportem universitários -o que a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), atualmente, não permite.
Segundo Amaro Gurgel, advogado da Fenatresc, os transportadores escolares deveriam ter isenção dos dois impostos "da mesma forma que algumas categorias já têm". Por exemplo, são isentos do ICMS os taxistas autônomos, e do IPVA, os ônibus urbanos. Ele estima que as isenções poderiam garantir uma redução de até 40% na compra de novos veículos.
Embora tenha considerado positivo o saldo da manifestação, Lurdinha Rodrigues manteve marcado um protesto para o dia 13 de julho, em Brasília. Ela quer pressionar pela aprovação de um projeto, dos vários que tramitam no Congresso Nacional, para redução do IPI desses veículos. "Se acharem que nós estamos brincando, faremos manifestações mais radicais e com mais gente."

Sem transporte
Por conta da manifestação, a educadora Maria Aparecida Mendes de Souza, 47, preferiu deixar os dois filhos em casa ontem. "Preferi deixar os dois em casa por medo de acontecer algo com eles." Ela paga R$ 110 por mês para que os filhos -um menino de nove anos e uma menina de seis- sejam levados até as escolas em que estudam, na zona leste.
Já Mercedes Albuquerque Barone, 51, teve de ir sozinha buscar os dois netos (uma menina de oito e um menino de nove). "A mãe deles levou, e eu tive de ir lá pegar."
Segundo o Procon, clientes de transporte escolar que tenham sido lesados pela paralisação podem pedir um abatimento proporcional ao dia perdido no valor total pago pelo serviço e de pedir indenizações por eventuais prejuízos -caso dos pais que tiveram de usar táxi para levar a criança ao colégio.


Colaborou o "Agora"


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