|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIOLÊNCIA
Parlamentar, autor de projeto antinepotismo em Carpina, no interior do Estado, já havia sofrido um atentado há 40 dias
Vereador é assassinado a tiros em frente a rádio em PE
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
O vereador José Cândido Amorim Filho (PDT), 45, do município de Carpina (60 km de Recife),
foi assassinado a tiros na manhã
de ontem em frente à Rádio Alternativa, onde trabalhava.
O parlamentar, autor de um
projeto de lei antinepotismo
aprovado há 25 dias pela Câmara
Municipal, já havia sofrido um
atentado no mês passado. Ele chegou a ser baleado no ombro, mas
resistiu ao ferimento.
O crime de ontem ocorreu por
volta das 6h40, quando Cândido
chegava à rádio para apresentar
seu programa matinal. Ele não estava escoltado pelos dois seguranças particulares que havia contratado após a primeira emboscada.
De acordo com a polícia, foram
encontradas mais de 20 perfurações de projéteis em seu veículo,
um Fiat Uno. Testemunhas disseram ter visto quatro homens; dois
deles, junto a uma motocicleta,
participaram da ação. A polícia
estuda se o outro aguardava em
uma moto ou em um automóvel.
A delegada Marta Rosana Alves,
que também preside o inquérito
do primeiro atentado, não descarta que o assassinato tenha sido cometido por motivação política e
que os incidentes tenham relação.
Há 40 dias, dois homens, também em uma moto, atiraram contra o vereador e fugiram, sem serem identificados.
Na época, Cândido colhia assinaturas para o projeto de lei que
prevê que o prefeito, o vice-prefeito e os secretários municipais sejam proibidos de contratar parentes para ocupar cargos públicos.
O projeto foi aprovado por seis
votos a dois na Câmara.
O prefeito Manuel Botafogo
(PSDB), no entanto, vetou o projeto, que foi enviado novamente à
Câmara. Botafogo, que tem familiares trabalhando na administração municipal, não foi localizado
pela reportagem para comentar o
assunto. A Folha ligou no seu celular, mas ele estava desligado.
Apesar de Cândido relatar as
ameaças que vinha sofrendo, inclusive em seus programas de rádio, o secretário da Defesa Social
do Estado, João Braga, afirma que
não houve omissão por parte do
Estado em seu assassinato. Segundo ele, o vereador não aceitou
a proteção de PMs que a secretaria teria concedido após o primeiro atentado. "Mas houve um crime bárbaro e vamos investigar."
Cândido era radialista há 19
anos. Trabalhou na Carpina FM e
apresentava o programa "Jota
Cândido" na rádio comunitária
Alternativa. Segundo o presidente
da Câmara, Edilson Gomes da Silva (PPS), o programa era eclético
e tinha "de ajuda pessoal à comunidade até denúncias". "Ele era
uma pessoa querida na cidade.
Mas também era polêmico, porque quem é repórter de polícia gera um conflito", disse.
Cândido foi o quarto vereador
mais votado do município: 1.181
votos. Era o seu segundo mandato na cidade de 68 mil habitantes.
O corpo, liberado pelo IML
(Instituto Médico Legal) de Recife, foi velado ontem em Carpina.
Texto Anterior: Cult na net Próximo Texto: Frase Índice
|