São Paulo, sábado, 02 de julho de 2005

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VIOLÊNCIA

Parlamentar, autor de projeto antinepotismo em Carpina, no interior do Estado, já havia sofrido um atentado há 40 dias

Vereador é assassinado a tiros em frente a rádio em PE

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

O vereador José Cândido Amorim Filho (PDT), 45, do município de Carpina (60 km de Recife), foi assassinado a tiros na manhã de ontem em frente à Rádio Alternativa, onde trabalhava.
O parlamentar, autor de um projeto de lei antinepotismo aprovado há 25 dias pela Câmara Municipal, já havia sofrido um atentado no mês passado. Ele chegou a ser baleado no ombro, mas resistiu ao ferimento.
O crime de ontem ocorreu por volta das 6h40, quando Cândido chegava à rádio para apresentar seu programa matinal. Ele não estava escoltado pelos dois seguranças particulares que havia contratado após a primeira emboscada.
De acordo com a polícia, foram encontradas mais de 20 perfurações de projéteis em seu veículo, um Fiat Uno. Testemunhas disseram ter visto quatro homens; dois deles, junto a uma motocicleta, participaram da ação. A polícia estuda se o outro aguardava em uma moto ou em um automóvel.
A delegada Marta Rosana Alves, que também preside o inquérito do primeiro atentado, não descarta que o assassinato tenha sido cometido por motivação política e que os incidentes tenham relação.
Há 40 dias, dois homens, também em uma moto, atiraram contra o vereador e fugiram, sem serem identificados.
Na época, Cândido colhia assinaturas para o projeto de lei que prevê que o prefeito, o vice-prefeito e os secretários municipais sejam proibidos de contratar parentes para ocupar cargos públicos. O projeto foi aprovado por seis votos a dois na Câmara.
O prefeito Manuel Botafogo (PSDB), no entanto, vetou o projeto, que foi enviado novamente à Câmara. Botafogo, que tem familiares trabalhando na administração municipal, não foi localizado pela reportagem para comentar o assunto. A Folha ligou no seu celular, mas ele estava desligado.
Apesar de Cândido relatar as ameaças que vinha sofrendo, inclusive em seus programas de rádio, o secretário da Defesa Social do Estado, João Braga, afirma que não houve omissão por parte do Estado em seu assassinato. Segundo ele, o vereador não aceitou a proteção de PMs que a secretaria teria concedido após o primeiro atentado. "Mas houve um crime bárbaro e vamos investigar."
Cândido era radialista há 19 anos. Trabalhou na Carpina FM e apresentava o programa "Jota Cândido" na rádio comunitária Alternativa. Segundo o presidente da Câmara, Edilson Gomes da Silva (PPS), o programa era eclético e tinha "de ajuda pessoal à comunidade até denúncias". "Ele era uma pessoa querida na cidade. Mas também era polêmico, porque quem é repórter de polícia gera um conflito", disse.
Cândido foi o quarto vereador mais votado do município: 1.181 votos. Era o seu segundo mandato na cidade de 68 mil habitantes.
O corpo, liberado pelo IML (Instituto Médico Legal) de Recife, foi velado ontem em Carpina.


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