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Detento contrata prostituta pelo celular
Antes dos programas, os presos recebem as fotos das garotas no telefone; depois, pagam R$ 200 por dois dias de sexo
Escutas telefônicas provam a existência de um esquema no qual líderes da facção escolhem o tipo físico das mulheres que os "visitarão"
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital)
descobriu uma nova maneira
de utilizar os telefones celulares nas prisões do Estado para
fazer negócios: além de articular rebeliões em série e ordenar
a morte de agentes das forças
de segurança, hoje, os integrantes do grupo criminoso também contratam prostitutas.
A inovação não pára por aí:
além de combinar preços e
quais detentos terão direito de
receber esses serviços, os homens do PCC criaram um esquema que, com o auxílio de
aparelhos celulares que enviam
e recebem fotos, permite escolher o tipo físico da mulher que
desejam receber dentro de sua
cela na penitenciária.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça obtidas pela
Folha, feitas na região oeste do
Estado, onde existem 35 presídios (com 32 mil detentos),
comprovam que uma mulher
identificada como Jaqueline,
que também é mãe-de-santo e
cartomante, é uma das responsáveis por agenciar garotas de
programa para os líderes do
PCC que estão presos na região.
Nas conversas mantidas entre Jaqueline e um preso identificado como Moringa, um dos
"sintonias" (responsável pela
retransmissão de ordens da cúpula da facção criminosa para
outros detentos e até para
membros do grupo soltos) do
PCC no interior do Estado, eles
combinam a contratação, por
R$ 200, de uma prostituta
identificada como Sabrina. Por
lei, o preso tem direito de fazer
sexo com sua mulher ou amásia, diante de comprovação.
Quando trata do agenciamento das prostitutas para os
homens do PCC, sempre pelo
celular, Jaqueline também frisa que eles terão de arcar com
as despesas de transporte e
hospedagem das mulheres.
Na época do agenciamento
para a prostituição, Moringa,
cujo primeiro nome é Anderson, estava preso na penitenciária de Getulina (462 km de
SP). Hoje, ele está em Presidente Venceslau 2 (620 km de SP),
ao lado de outras 400 lideranças do grupo criminoso.
Moringa, de acordo com a advogada Valéria Dammous -detida na última quarta-feira e
que teria recebido R$ 20 mil da
facção-, deu a ordem para que
cinco funcionários do presídio
de Presidente Venceslau fossem assassinados.
Na conversa em que Jaqueline agencia a mulher para Moringa, ele demonstra interesse
na garota de programa Sabrina
e diz que "não tem muito tempo a perder" e, por isso, "não
quer muita conversa com ela".
Nos grampos telefônicos, Jaqueline demonstra também
preocupação com o bem-estar
de um parceiro de Moringa, o
detento DKD, que também estava na unidade de Getulina.
Ela pede que ele não comente
com o amigo que Sabrina irá
"visitá-lo", pois, dias antes, a
cartomante jogou cartas para
uma mulher, namorada de
DKD, e percebeu que essa não
merecia ser traída. O jogo de
cartas foi acompanhado pelo
detento pelo telefone celular.
A Secretaria da Administração Penitenciária do governo
Cláudio Lembo (PFL) disse
apenas que "o preso tem direito
a um rol de visitas com oito pessoas, composto por parentes de
1º e 2º graus e amásia com vínculo comprovado".
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