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Moradores ajudam a embalar droga e dão alerta sobre reuniões para contar dinheiro
DA REPORTAGEM LOCAL
Toque de recolher às 22h em
alguns trechos, pipas coloridas
que rasgam o céu e "deduram"
as visitas indesejadas, motos
com o escapamento aberto que
ecoam nas vielas chamando os
traficantes para contar o dinheiro das vendas.
Durante três dias nas duas
últimas semanas, a Folha visitou a favela Pedra Sobre Pedra
e apurou que a comunidade local não se incomoda com a presença do tráfico nem do PCC.
Parte dela, aliás, até colabora
com a facção criminosa, às vezes trabalhando nas casas que
embalam drogas. A reportagem
viu idosos saindo suados das
portas de barracos após fecharem pacotes de maconha.
Noutros momentos, crianças
que aparentemente brincavam
de pipa tinham uma função:
alertar os traficantes sobre a
chegada de policiais. O código
era dar rasantes com a pipa.
Para entrar na favela, a reportagem teve autorização de
membros do partido que controlam a favela mas se encontram em penitenciárias.
Os apelidos de Cara de Gato e
Naná são apontados como chefes do local, apesar de estarem
presos, segundo moradores.
"Há todo um organograma
aqui que vive em torno do tráfico. É um comércio como qualquer outro. Tem suas divisões e
subdivisões e todos ganham
com isso", afirma Clóvis, que
mora lá há 17 anos.
"Qual emprego paga R$ 500
por mês hoje para um adolescente sem grau de instrução? O
partido paga até para quem avisa se a polícia chega perto da favela", justifica Samuel.
O respeito pela facção criminosa não é conquistado somente pela doação de leite e alimentos. A central telefônica
clandestina, localizada em uma
padaria, tem fama de ter grampeado todos os telefones celulares da área. "Ai de quem falar
mal do partido", diz.
(KT)
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