São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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SAÚDE/DERMATOLOGIA

Anvisa aprova pomada para tratar câncer da pele

O carcinoma basocelular é o tipo de tumor de pele mais freqüente na população

Agência liberou o uso do primeiro medicamento de uso tópico que é capaz de estimular o organismo a destruir tumor superficial


FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma ferida semelhante a uma espinha, que sangra com freqüência e não cicatriza, seja ela no nariz, nas costas, no colo ou até mesmo na orelha, pode
ser mais do que um simples ferimento: pode indicar um carcinoma basocelular Ätipo de câncer da pele mais comum, responsável por 70% dos casos, segundo estimativas do Inca (Instituto Nacional do Câncer).
A principal causa desse tumor é a exposição crônica ao sol. Apesar de maligno, ele é é considerado "bonzinho" pelos especialistas, pois não tem capacidade de metástase, isto é, de migrar para outros órgãos e tecidos. Por isso, é de fácil tratamento. Uma cirurgia é o suficiente para eliminá-lo.
Mas, mesmo com a certeza do resultado, ainda há quem tenha pavor de cirurgia ou quem tenha algum tipo de alergia aos anestésicos, o que torna a alternativa inviável. A novidade é que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o primeiro medicamento de uso tópico -o imiquimod- que é capaz de eliminar o tumor em poucas semanas.
"O carcinoma basocelular cresce lentamente. A luz solar diminui a capacidade de imunovigilância do organismo e, por isso, a exposição constante ao sol provoca uma espécie de mutação das células basais, que se proliferam com facilidade", explicou o dermatologista Cyro Festa Neto, professor da USP.
São quatro as formas básicas de tratamento: a cirurgia, que é a mais indicada por sua eficácia e pelas cicatrizes discretas; a cauterização; a aplicação de quimioterapia local; e a terapia fotodinâmica.
"É importante ressaltar que a pomada não trata todos os tumores basocelulares e, sim, aqueles superficiais, detectados precocemente. E só é possível saber isso depois da realização de uma biópsia", disse Marcus Maia, dermato-oncologista e professor da Santa Casa de São Paulo.
A dermatologista Luciane Scattone concorda com o professor. "A pomada é uma técnica a mais, veio para somar. Mas ainda é muito nova. É necessário ter cautela na indicação, porque ela não resolve todos os casos e precisa de acompanhamento constante."

Mecanismo de ação
O imiquimod é um gel/creme que tem a capacidade de estimular os mecanismos imunológicos do paciente na região afetada, fazendo com que o próprio organismo destrua o tumor. Em contato com as células doentes, a pomada causa uma reação inflamatória no local, semelhante a uma alergia, até que o tumor morre, sem deixar marcas ou cicatrizes.
"A inflamação não dói, mas irrita um pouco a pele, porque demora cerca de seis semanas para o tumor desaparecer. A vantagem do medicamento é estética. Ele é uma boa alternativa para quem não quer ficar com cicatriz", disse Eugênio Pimentel, professor da USP e responsável pelo setor de cirurgia dermatológica do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Essa pomada já era usada no Brasil no tratamento das verrugas genitais causadas pelo papilomavírus humano (HPV).
Diante da sua eficácia nesses tipos de lesões, vários estudos foram feitos para comprovar que os benefícios poderiam ser estendidos para os tumores superficiais da pele.


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