São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2010 |
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BARBARA GANCIA Imagine all the people...
COPA E ELEIÇÃO, eleição e Copa: disse que reportaria sobre meu progresso como torcedora acidental do time argentino e cá estou, vivinha de la silva, para contar a história. Torcer pela Argentina tem sido bem mais palatável do que imaginei. Maradona é o grande personagem deste Mundial, Higuaín e Di Maria são senhores absolutos da bola, "el duende" Lionel Messi deve sagrar-se o melhor atleta do torneio, enfim, vai tudo às mil maravilhas -com a vantagem de que quando você torce por opção, não perde tempo remoendo sobre a possibilidade da volta prematura para casa. E torcer pela Argentina traz ainda o atrativo extra de a gente ter a oportunidade de ver Diego Armando Maradona causar um abalo irreversível no reinado -até hoje- incontestável de Pelé. Não vou esfregar na cara que venho cogitando sobre a possibilidade de a Argentina ganhar a Copa há meses, desde a época em que "los hermanos" passaram raspando pela classificação, porque não há nada mais pedante do que colunista "mãe Dinah", que fica cutucando seus leitores com frases como: "Eu avisei" ou então "Eu não disse?" A América Latina é uma grande bola e só uma final Gana x Paraguai talvez fosse me deixar mais feliz do que ver Brasil e Argentina hipnotizando o mundo numa final disputada com talento e lealdade. Não seria uma glória isso? Eleição e Copa, Copa e eleição: e não seria lindo imaginar que as eleições pudessem transcorrer de forma civilizada? Por que não sonhar com esse mundo ideal? Os três principais candidatos são o que de melhor se apresenta na política tapuia, daria muito bem para usar esta eleição para evoluir o debate político e avançar a democracia. Mas, não. De um lado, a turma se especializou em caluniar, em burlar, em cutucar histórico financeiro, em lambuzar e funhunhar a vida alheia de tudo que é jeito. Sem contar que, há meses, legiões de falsos blogueiros e twitteiros posam de eleitores e se dispõem a lançar todo tipo de boato, a praticar bullying e a deturpar fatos que depois serão repetidos ad nauseam. A oposição também abriu as comportas da baixaria. A vereadora tetraplégica Mara Gabrilli, quem diria, resolveu lançar mão de recurso raso para incitar medo. "Você confiaria seus filhos para Dilma de babá?", perguntou no Twitter. Bobinha a estratégia, uma vez que a primeira resposta que vem em mente é: por que não? Lula confiou um país inteiro a Dilma, e a maioria parece estar muito contente. A provocação de Mara remeteu a outro momento inglório, aquele em que a então candidata Marta Suplicy inventou de questionar a sexualidade de Gilberto Kassab. Ontem, deu-se no Twitter uma reedição do desespero demonstrado por Marta naquela ocasião: pessoas que apoiam o PSDB começaram a jogar no ar piadinhas e insinuações sobre a vida privada da candidata do PT. Em São Paulo, a maturidade do eleitor impediu que esse tipo de baixaria vingasse. Espera-se que o resto do país tome a lição como sua. barbara@uol.com.br @barbaragancia www.barbaragancia.com.br Texto Anterior: Folha.com Próximo Texto: Há 50 Anos Índice |
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