São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2010

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AL se prepara para "doenças da chuva"

Ao menos seis casos suspeitos de leptospirose foram registrados; cheias inutilizaram um hospital e 42 postos

"As doenças pós-enchentes vão começar a pipocar agora", diz médico de hospital de campanha


FÁBIO GUIBU
DANILO VERPA
ENVIADOS ESPECIAIS A ALAGOAS

Duas semanas após a enchente que devastou a região cortada pelo rio Mundaú, em Alagoas, unidades de saúde se preparam para um possível surto das "doenças da chuva" -leptospirose, febre tifoide, dengue e cólera.
Hospitais de campanha foram montados pelo Exército em Murici e Branquinha. Na vizinha União dos Palmares, o único hospital público suspendeu as cirurgias eletivas para priorizar a emergência. Médicos, enfermeiros e técnicos de SP, RS e PA reforçam as equipes locais.
Em Alagoas, um hospital e 42 postos foram destruídos ou danificados pelas cheias -quase 20% do total da região afetada, segundo a Secretaria de Saúde, estão sem condições de atendimento. A estimativa do Estado é que o prejuízo chegue a quase R$ 7 milhões. A reconstrução deve levar um ano. O início das obras, porém, depende da recuperação da rede de saneamento e de energia.

CASOS SUSPEITOS
Ao menos seis casos suspeitos de leptospirose, doença contraída pelo contato com a urina do rato, já foram registrados em Murici e União dos Palmares. "As doenças pós-enchentes vão começar a pipocar agora", confirma o médico Luiz Gustavo Cury Cardoso.
Ele atua no hospital de campanha de Branquinha, onde dois postos de saúde da família foram destruídos. Moradores são atendidos em uma tenda de lona e recebem tratamento em um contêiner com ar-condicionado.
Em média, 80 pessoas passam todos os dias ali. Dez, diz o médico, apresentam doenças gastrointestinais, consequência das inundações. Em Murici, os 12 leitos de pediatria do hospital municipal Dagoberto Uchôa estão lotados. Crianças com diarreia e suspeita de dengue são atendidas por servidores que também perderam as casas.
Segundo o diretor Francisco Barbosa, 46 funcionários -um terço- estão desabrigados. Seis famílias foram alojadas na capela do hospital. Nos dez primeiros dias após a cheia, foram feitos 2.000 procedimentos, a mesma quantidade que, antes, era feita em um mês.

Colaboraram LUIZA BANDEIRA e JOÃO PAULO GONDIM, de São Paulo



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