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AL se prepara para "doenças da chuva"
Ao menos seis casos suspeitos de leptospirose foram registrados; cheias inutilizaram um hospital e 42 postos
"As doenças
pós-enchentes vão começar a pipocar agora", diz médico de hospital de campanha
FÁBIO GUIBU
DANILO VERPA
ENVIADOS ESPECIAIS A ALAGOAS
Duas semanas após a enchente que devastou a região
cortada pelo rio Mundaú, em
Alagoas, unidades de saúde
se preparam para um possível surto das "doenças da
chuva" -leptospirose, febre
tifoide, dengue e cólera.
Hospitais de campanha foram montados pelo Exército
em Murici e Branquinha. Na
vizinha União dos Palmares,
o único hospital público suspendeu as cirurgias eletivas
para priorizar a emergência.
Médicos, enfermeiros e
técnicos de SP, RS e PA reforçam as equipes locais.
Em Alagoas, um hospital e
42 postos foram destruídos
ou danificados pelas cheias
-quase 20% do total da região afetada, segundo a Secretaria de Saúde, estão sem
condições de atendimento.
A estimativa do Estado é
que o prejuízo chegue a quase R$ 7 milhões. A reconstrução deve levar um ano. O início das obras, porém, depende da recuperação da rede de
saneamento e de energia.
CASOS SUSPEITOS
Ao menos seis casos suspeitos de leptospirose, doença contraída pelo contato
com a urina do rato, já foram
registrados em Murici e
União dos Palmares.
"As doenças pós-enchentes vão começar a pipocar
agora", confirma o médico
Luiz Gustavo Cury Cardoso.
Ele atua no hospital de
campanha de Branquinha,
onde dois postos de saúde da
família foram destruídos.
Moradores são atendidos em
uma tenda de lona e recebem
tratamento em um contêiner
com ar-condicionado.
Em média, 80 pessoas passam todos os dias ali. Dez, diz
o médico, apresentam doenças gastrointestinais, consequência das inundações.
Em Murici, os 12 leitos de
pediatria do hospital municipal Dagoberto Uchôa estão
lotados. Crianças com diarreia e suspeita de dengue são
atendidas por servidores que
também perderam as casas.
Segundo o diretor Francisco Barbosa, 46 funcionários
-um terço- estão desabrigados. Seis famílias foram
alojadas na capela do hospital. Nos dez primeiros dias
após a cheia, foram feitos
2.000 procedimentos, a mesma quantidade que, antes,
era feita em um mês.
Colaboraram LUIZA BANDEIRA e JOÃO
PAULO GONDIM, de São Paulo
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