São Paulo, sábado, 02 de julho de 2011 |
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ANÁLISE Tese da "explosão populacional" em favelas não passa de mito JOSÉ EUSTÁQUIO DINIZ ALVES ESPECIAL PARA A FOLHA As pesquisas do IBGE mostram que a taxa de fecundidade -número médio de filhos por mulher- já está abaixo do nível de reposição no país. Ainda não temos o dado oficial do Censo 2010, mas estima-se que a fecundidade já esteja entre 1,8 e 1,9 filho. Isso significa que, se não houver uma entrada líquida de migrantes estrangeiros no país, a população decrescerá já na década de 2030. A despeito dessa nova realidade demográfica, ainda existem pessoas que enxergam uma "explosão populacional" no país. Não da população total, mas dos pobres e das favelas. Isso não passa de um mito que continua vivo pela repetição de "verdades" ultrapassadas. Em artigo que escrevi com a pesquisadora Suzana Cavenaghi, mostramos que a taxa de fecundidade no município do Rio, em 2000, já estava abaixo do nível de reposição (1,9 filho), sendo 1,7 para as moradoras do "asfalto" e 2,6 para as das favelas. No entanto, considerando apenas as mulheres com mais de nove anos de estudo, a taxa era a mesma na favela e no "asfalto": 1,6 filho. Se os pobres tinham uma fecundidade um pouco maior, era por falta de direitos de cidadania. Os dados já divulgados do Censo 2010 confirmam que o processo está em curso também nas favelas e bairros pobres. Agora que o discurso que culpabilizava a alta reprodução dos pobres pela pobreza perdeu suas últimas bases empíricas, resta garantir os direitos de cidadania a essa geração de crianças que é menor em termos quantitativos, mas que anseia ser maior e melhor em termos qualitativos. JOSÉ EUSTÁQUIO DINIZ ALVES é professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE Texto Anterior: Em São Paulo, número de idosos supera o de crianças em 28 distritos Próximo Texto: Walter Ceneviva: INSS: uma gota no oceano Índice | Comunicar Erros |
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