São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sindicalista fugiu sem saber para onde navio estava indo

DA SUCURSAL DO RIO

"Eu era chefe de família e sustentava mulher e filhos. Hoje me sinto uma criança. Dependo do dinheiro dos outros para comer e até para tomar ônibus, porque não tenho nem R$ 2,20. Mas, se estivesse no Congo, não estaria vivo."
Estevan (nome fictício, pois ele preferiu não dar o verdadeiro), 51, resume assim seus sentimentos. Ex-presidente de um sindicato de portuários que fora comandado por seu pai e seu avô, foi perseguido no Congo.
Antes de sua casa ser invadida, Estevan fugiu pelo telhado. Depois soube que a mulher morreu na hora da invasão, vítima de um ataque cardíaco.
Auxiliado por amigos, fugiu do país embarcando clandestinamente em um navio. Mas nem imaginava para onde iria.
"Quando a viagem terminou, saí e me misturei aos estivadores. Chegaram a perceber que eu era clandestino, mas alguns desconhecidos me ajudaram."
Só quando não havia mais risco de ser preso, perguntou onde tinha ido parar. "Me disseram que eu estava no maior porto do Brasil", relembra. Era Santos (a 72 km de SP).
Estevan foi à rodoviária e conheceu um pastor carioca residente em Santos. "Ele me contou que no Rio havia uma comunidade grande de africanos, e então vim pra cá."
Atualmente hospedado no abrigo da Caritas em Brás de Pina, Estevan chegou ao Brasil em 2006, e só há duas semanas conseguiu seu primeiro emprego: das 2h às 11h entrega legumes em restaurantes do Rio.
"Sonho fazer faculdade de gastronomia e trabalhar com isso no Brasil", conta ele, que encara o emprego recente como "um estágio" para a atuação como chef de cozinha.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.