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Kassab já gastou mais em publicidade do que em 2009
Foram gastos, até o último dia 22 de julho, R$ 66 milhões; prefeitura diz que objetivo é melhorar serviço público
O valor usado para a publicidade oficial daria para construir 26 creches ou 21 escolas de ensino fundamental
EVANDRO SPINELLI
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
Os gastos com propaganda da Prefeitura de São Paulo
neste ano já superam todo o
valor utilizado em 2009.
Segundo o portal De Olho
nas Contas, da própria prefeitura, a divulgação oficial
do governo já consumiu, até
22 de julho, R$ 65,9 milhões.
Em todo o ano de 2009 foram
gastos R$ 55,8 milhões.
A Folha levantou as despesas desde 2002 e atualizou
esses números com base no
INPC, índice oficial de inflação medido pelo IBGE.
Nesse período, o recorde
de gastos com propaganda
aconteceu em 2002: R$ 68,9
milhões (valor já atualizado).
Em 2010, no ritmo atual, esse
total deve ser superado nas
próximas semanas.
O valor daria para construir 26 creches como a que o
governo está fazendo no
Mandaqui (zona norte), que
sairá por R$ 2,5 milhões. Ou
21 escolas de ensino fundamental como a que está sendo licitada em São Miguel
Paulista, na zona leste da capital (R$ 3,1 milhões).
ELEIÇÃO
Kassab não é candidato
neste ano, mas um mandato
mal avaliado poderia, em tese, prejudicar as campanhas
dos tucanos José Serra (candidato a presidente) e Geraldo Alckmin (que concorre a
governador de São Paulo).
A gestão Kassab diz que as
campanhas publicitárias têm
o objetivo de "melhorar a
prestação de serviços, levando informação e esclarecimentos de utilidade pública"
(leia texto nesta página).
A exposição publicitária é
um dos fatores que podem
ter levado à melhoria da avaliação da gestão Kassab.
Em março, segundo pesquisa Datafolha, Kassab tinha 34% de aprovação ao
seu governo. No final do ano
passado e início deste ano,
ele enfrentou vários problemas com enchentes.
Na semana passada, o Datafolha apurou que a aprovação ao prefeito melhorou e
chegou a 42%.
CRÍTICAS
Claudio Weber Abramo,
diretor-executivo da ONG
Transparência Brasil, critica
a falta de controle sobre esse
tipo de gasto por parte do Legislativo.
Para ele, não é errado o governo gastar para divulgar
informações de interesse público, mas essas campanhas,
afirma, são, geralmente,
"propaganda de si próprio
[do governante] escondidas
em qualquer coisa".
Para o vereador José Américo, líder da bancada do PT
na Câmara, o gasto é "discutível, exagerado e despropositado". "O ritmo das despesas sugere que esses gastos
irão superar R$ 100 milhões
até o final do ano", afirma.
Ele também critica a possibilidade de o prefeito remanejar, sem autorização da Câmara, até 15% das receitas totais do município, o que faz
com que ele fique livre para
aumentar esse tipo de gasto.
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