São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2010

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Kassab já gastou mais em publicidade do que em 2009

Foram gastos, até o último dia 22 de julho, R$ 66 milhões; prefeitura diz que objetivo é melhorar serviço público

O valor usado para a publicidade oficial daria para construir 26 creches ou 21 escolas de ensino fundamental

EVANDRO SPINELLI
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Os gastos com propaganda da Prefeitura de São Paulo neste ano já superam todo o valor utilizado em 2009.
Segundo o portal De Olho nas Contas, da própria prefeitura, a divulgação oficial do governo já consumiu, até 22 de julho, R$ 65,9 milhões. Em todo o ano de 2009 foram gastos R$ 55,8 milhões.
A Folha levantou as despesas desde 2002 e atualizou esses números com base no INPC, índice oficial de inflação medido pelo IBGE.
Nesse período, o recorde de gastos com propaganda aconteceu em 2002: R$ 68,9 milhões (valor já atualizado). Em 2010, no ritmo atual, esse total deve ser superado nas próximas semanas.
O valor daria para construir 26 creches como a que o governo está fazendo no Mandaqui (zona norte), que sairá por R$ 2,5 milhões. Ou 21 escolas de ensino fundamental como a que está sendo licitada em São Miguel Paulista, na zona leste da capital (R$ 3,1 milhões).

ELEIÇÃO
Kassab não é candidato neste ano, mas um mandato mal avaliado poderia, em tese, prejudicar as campanhas dos tucanos José Serra (candidato a presidente) e Geraldo Alckmin (que concorre a governador de São Paulo).
A gestão Kassab diz que as campanhas publicitárias têm o objetivo de "melhorar a prestação de serviços, levando informação e esclarecimentos de utilidade pública" (leia texto nesta página).
A exposição publicitária é um dos fatores que podem ter levado à melhoria da avaliação da gestão Kassab.
Em março, segundo pesquisa Datafolha, Kassab tinha 34% de aprovação ao seu governo. No final do ano passado e início deste ano, ele enfrentou vários problemas com enchentes.
Na semana passada, o Datafolha apurou que a aprovação ao prefeito melhorou e chegou a 42%.

CRÍTICAS
Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, critica a falta de controle sobre esse tipo de gasto por parte do Legislativo.
Para ele, não é errado o governo gastar para divulgar informações de interesse público, mas essas campanhas, afirma, são, geralmente, "propaganda de si próprio [do governante] escondidas em qualquer coisa".
Para o vereador José Américo, líder da bancada do PT na Câmara, o gasto é "discutível, exagerado e despropositado". "O ritmo das despesas sugere que esses gastos irão superar R$ 100 milhões até o final do ano", afirma.
Ele também critica a possibilidade de o prefeito remanejar, sem autorização da Câmara, até 15% das receitas totais do município, o que faz com que ele fique livre para aumentar esse tipo de gasto.


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