São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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TRAGÉDIA EM GUARULHOS

À polícia, os promotores da festa e o proprietário do imóvel dão depoimentos contraditórios

Dono e organizadores trocam acusações

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

O desabamento de uma pista de dança em uma festa clandestina em Guarulhos (SP) e a conseqüente morte de seis pessoas se tornaram um jogo de empurra-empurra nos depoimentos dados à polícia pelos principais acusados pelo acidente: os organizadores do evento e o dono do prédio.
O comerciante Wilson Gonçalves, proprietário do local onde houve o desabamento, acusa a organização de ter usado o prédio sem autorização. O aluguel, disse ele à polícia anteontem, não incluía o prédio onde o mezanino ruiu, que não estava concluído. Previa apenas o salão onde nos fundos funciona o comitê de um político -e por onde os convidados entravam para chegar à festa.
Já os organizadores do evento afirmam terem sido enganados por Gonçalves. De acordo com o depoimento de Alércio Morais, que se apresentou ontem à polícia com Heric Dias, o aluguel englobava tanto o prédio anexo como o salão. Além disso, segundo o depoimento de Morais, Gonçalves havia assegurado que toda a documentação do local estava em dia. Morais, conhecido como Mota, e Dias organizaram a festa com Cláudio Pereira, que deve ir à polícia nos próximos dias.
"Meus clientes alegam que o proprietário disse ter os alvarás. Eles confiaram nele", disse o advogado Ademar Gomes, que representa os organizadores.
"Quem promove o evento é que deve conseguir um alvará de funcionamento na prefeitura, além de autorização do Juizado da Infância e da Juventude", rebate o advogado Joel Domingues, que defende o proprietário do local.
Fora o alvará necessário para a realização da festa e a autorização do juizado, porém, faltam outros documentos. Segundo a Prefeitura de Guarulhos, o local não possui sequer o alvará necessário para ter sido construído e é completamente irregular. Domingues diz desconhecer o embargo do local.
Outra troca de acusações ocorre entre os organizadores e os seguranças do local devido à presença de pessoas com menos de 18 anos no evento. Segundo o advogado Ademar Gomes, seus clientes só permitiram a entrada de jovens de 16 a 18 anos acompanhados dos pais. Mas, segundo seguranças que trabalharam no local, a entrada era livre para quem tinha 16 anos ou mais e, depois da 0h30, também foi liberada para jovens com 14 ou 15 anos.


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