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TRAGÉDIA EM GUARULHOS
À polícia, os promotores da festa e o proprietário do imóvel dão depoimentos contraditórios
Dono e organizadores trocam acusações
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
O desabamento de uma pista de
dança em uma festa clandestina
em Guarulhos (SP) e a conseqüente morte de seis pessoas se
tornaram um jogo de empurra-empurra nos depoimentos dados
à polícia pelos principais acusados pelo acidente: os organizadores do evento e o dono do prédio.
O comerciante Wilson Gonçalves, proprietário do local onde
houve o desabamento, acusa a organização de ter usado o prédio
sem autorização. O aluguel, disse
ele à polícia anteontem, não incluía o prédio onde o mezanino
ruiu, que não estava concluído.
Previa apenas o salão onde nos
fundos funciona o comitê de um
político -e por onde os convidados entravam para chegar à festa.
Já os organizadores do evento
afirmam terem sido enganados
por Gonçalves. De acordo com o
depoimento de Alércio Morais,
que se apresentou ontem à polícia
com Heric Dias, o aluguel englobava tanto o prédio anexo como o
salão. Além disso, segundo o depoimento de Morais, Gonçalves
havia assegurado que toda a documentação do local estava em
dia. Morais, conhecido como Mota, e Dias organizaram a festa com
Cláudio Pereira, que deve ir à polícia nos próximos dias.
"Meus clientes alegam que o
proprietário disse ter os alvarás.
Eles confiaram nele", disse o advogado Ademar Gomes, que representa os organizadores.
"Quem promove o evento é que
deve conseguir um alvará de funcionamento na prefeitura, além
de autorização do Juizado da Infância e da Juventude", rebate o
advogado Joel Domingues, que
defende o proprietário do local.
Fora o alvará necessário para a
realização da festa e a autorização
do juizado, porém, faltam outros
documentos. Segundo a Prefeitura de Guarulhos, o local não possui sequer o alvará necessário para ter sido construído e é completamente irregular. Domingues diz
desconhecer o embargo do local.
Outra troca de acusações ocorre
entre os organizadores e os seguranças do local devido à presença
de pessoas com menos de 18 anos
no evento. Segundo o advogado
Ademar Gomes, seus clientes só
permitiram a entrada de jovens
de 16 a 18 anos acompanhados
dos pais. Mas, segundo seguranças que trabalharam no local, a
entrada era livre para quem tinha
16 anos ou mais e, depois da 0h30,
também foi liberada para jovens
com 14 ou 15 anos.
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