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CAMPANHA REFORÇADA
Recursos sobem para R$ 20 milhões; meta de recolhimento também duplica e chega a 160 mil armas
Governo dobra a verba para desarmamento
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva anuncia hoje que vai dobrar
o volume de recursos -para R$
20 milhões- e a meta de recolhimento de armas -para 160 mil-
da campanha nacional de desarmamento. Em solenidade oficial
no Planalto, Lula também vai lançar uma campanha publicitária
sobre o tema e um telefone gratuito para dúvidas.
A adesão à campanha, iniciada
oficialmente no dia 26 de julho,
superou as expectativas do governo. Até as 16h de ontem, haviam
sido recolhidas 74.350 armas no
país, ante a previsão de 80 mil artefatos até o final do ano.
Diante disso, o Planalto aceitou
rever o Orçamento reservado ao
pagamento de indenizações para
R$ 20 milhões. Foi esse o valor inicialmente proposto para a campanha pelo ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), refutado pela equipe econômica devido às
restrições fiscais.
A campanha publicitária terá
como ícones dois jovens ligados à
prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), que tenta a reeleição
nas eleições de outubro.
Seu filho Eduardo, conhecido
como Supla, contracenará com a
atriz Maria Paula, casada com
João, também filho de Marta.
Segundo a assessoria de imprensa da Secom (Secretaria de
Comunicação e Gestão Estratégica), a campanha publicitária não
trará despesas ao governo federal
porque será veiculada em caráter
"espontâneo" por emissoras e
empresas de comunicação que
aderirem à idéia.
Previsto no Estatuto do Desarmamento aprovado pelo Congresso no ano passado, o recolhimento de armas vem sendo feito
pela Polícia Federal. O governo
paga de R$ 100 a R$ 300, dependendo do calibre da arma.
Após o recolhimento, os artefatos passam por perícia na PF e são
destruídos pelo Exército, caso não
tenham sido usados em crime.
A expectativa de que o dinheiro
ia terminar antes de dezembro já
ocorre desde a primeira semana
de recolhimento de armas.
Isso porque a média de 1.800 a
1.900 armas recebidas diariamente pela PF superava as estimativas
iniciais e projetava o fim dos recursos para o início de setembro.
Mercosul
Nos bastidores, o Ministério da
Justiça vem discutindo com os
países do Mercosul -Argentina,
Paraguai, Uruguai- a adoção de
campanhas de desarmamento semelhantes em todo o bloco.
A idéia se insere no âmbito de
reiterados esforços do Brasil de
obter uma cadeira no Conselho
de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
A proposta foi apresentada na
penúltima reunião técnica preparatória do encontro entre os ministros do Interior e da Justiça do
Mercosul. Técnicos do Ministério
da Justiça vêm discutindo o tema
com representantes dos outros
três países na reunião que ocorre
em Manaus, nesta semana.
Formalmente, o projeto será
apresentado por Márcio Thomaz
Bastos na reunião com os outros
ministros em novembro. Se o
Brasil conseguir ao menos diminuir a quantidade de armas entre
os habitantes do bloco, avalia o
governo, ganhará força seu pleito
pela cadeira no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Segundo apurou a Folha, os representantes técnicos de Uruguai,
Paraguai e Argentina manifestaram simpatia pela idéia, mas não
houve ainda análise política.
Como preparação, a Polícia Federal elaborou uma série de dicas
e relatos sobre sua experiência no
recolhimento de armas.
O documento será repassado
aos demais governos do Mercosul, caso concordem em lançar
campanhas próprias.
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