São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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NA AREIA

Institutos prevêem aumento dos encalhes por causa do crescimento

Mais populosas, baleias encalham

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O encalhe de baleias no litoral brasileiro será cada vez mais comum nos próximos anos. O alerta é feito pelo Instituto Baleia Jubarte e pelo Projeto Baleia Franca e a principal causa conhecida do fenômeno é boa notícia: a população dessas duas espécies, as mais comuns da costa brasileira, está crescendo.
No mês passado, três baleias encalharam só no Estado do Rio de Janeiro. O Instituto Baleia Jubarte registrou também neste ano o encalhe de outras três no litoral nordestino. Já o Projeto Baleia Franca teve notícia de um encalhe da espécie na região Sul.
"A população de baleias jubartes tem crescido num ritmo de 11,5% ao ano em todo o mundo. No Brasil, estimamos em 8% esse percentual. A recuperação é visível e é de esperar que aumente o número de animais encalhados no litoral brasileiro", explica a bióloga Márcia Engel, diretora do instituto.
A bióloga Karina Groch, coordenadora científica do Projeto Baleia Franca, estima em 14% o ritmo de crescimento anual dessa espécie no Brasil. "Nós últimos dois anos, a gente vem observando nos sobrevôos de identificação quase o triplo de baleias que observávamos antes", afirma.
Os dois institutos citam como causa para o aumento dessas duas espécies a proibição da caça e o aumento da conscientização. A rota mais comum de baleias no Brasil é a migração da Antártida para o Nordeste ou para o Sul durante o inverno, para a reprodução.
Apesar dessa boa notícia, os biólogos alertam para o fato de que a população de baleias ainda está longe dos níveis que são estimados antes do início da pesca predatória, principalmente no século 20.
Além disso, afirmam que é preciso estudar melhor as causas do encalhe e estar preparado para agir nesses casos.
"O ideal seria investigar sempre a causa disso. Pode ser tanto um animal que ficou enfraquecido por razões naturais e acaba levado para o litoral ou um acidente com uma rede de pesca ou um barco", diz Bernadete Fragoso, bióloga da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e do Museu Nacional.
Uma das possíveis causas, que precisa ser melhor investigada, é a prospecção de petróleo por meio de sons, que podem atrapalhar a orientação das baleias.
No Rio, após a tentativa frustada de salvar uma jubarte, biólogos, bombeiros e o Ibama se reuniram para discutir formas de se preparar para a situação.


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