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"Queremos mostrar o trabalho organizado"
DA REDAÇÃO
"Na verdade, nós somos empreendedores", explica Carlos
Antônio dos Reis, 37, o Carlão,
membro da equipe de articulação
do movimento nacional dos catadores. Ele era camelô seis anos
atrás e estudou até a 3ª série.
Carlão faz parte do Recicla Vida,
uma cooperativa de catadores
com 70 participantes. Na sede, na
Baixada do Glicério, eles fazem a
triagem, a prensagem e a venda
dos materiais reciclados, em sua
grande maioria coletados em locais fixos por acordo com o produtor do lixo. Das 16h às 19h,
saem com as carrocinhas para
buscar o material. São oito a dez
horas de trabalho diário, fora a
hora e meia para chegar do Itaim
Paulista ao Glicério.
Números
"O catador está sendo focado
pela sociedade como um sujeito
que suja. Queremos a possibilidade de mostrar o trabalho organizado do catador", diz Carlão.
Ele defende as cooperativas
criadas "sem nenhum recurso público" e não abre mão da circulação de carrocinhas no centro expandido. As cooperativas têm
parceiros fixos, condomínios e
empresas que produzem os recicláveis, sabem como vender e fogem dos atravessadores que obtêm os melhores preços vendendo diretamente à indústria.
Também aberto ao diálogo, põe
o dedo na ferida do projeto municipal: quantos catadores ficarão
sem trabalhar?
À falta de número melhor, Carlão estima em 5.000 os catadores
no centro e em 20 mil o total na cidade. Elisabeth Grimberg, do Instituto Pólis e coordenadora geral
do Fórum Lixo e Cidadania da Cidade de São Paulo, revisando a estimativa, chegou a 10,8 mil.
Ela considerou 700 catadores
trabalhando nas centrais de triagem da prefeitura, e 2.300 em cooperativas. Os outros são estimados com base na redução de lixo
coletado em São Paulo entre 2001
e 2004, 39 mil toneladas por mês,
excluindo o volume de lixo levado
às centrais de triagem.
O movimento dos catadores
considera que um catador recolhe
200 kg por dia, ou 5.000 toneladas
por mês. Dividindo o total de redução pelo total coletado por catador (39 mil/5.000), chega-se a
7.800 catadores avulsos. Com os
3.000 organizados, são 10,8 mil.
Os 20 mil estão errados? Não,
resultam apenas do uso de outros
parâmetros. "Um avanço", avalia
Grimberg, que reforça a necessidade de melhorar a contagem
muito mais -daí a cobrança no
documento dos catadores. Enquanto isso, esperam que as políticas públicas municipais cheguem à mesa de discussão.
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