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Parentes reclamam de saques após acidente
Marido afirma que aliança de 13 anos de casamento foi arrancada do corpo da mulher, reconhecido anteontem no IML
Supervia diz não ter recebido informação formal sobre furto; parentes souberam de morte pelo ex-governador Garotinho
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO
A família da empregada doméstica Rosana Teófilo, 46,
uma das oito vítimas do acidente entre trens na Baixada Fluminense, na última quinta-feira, reclama o desaparecimento de pertences da vítima.
O marido da empregada doméstica, o professor Carlos
Nascimento, 38, reconheceu o
corpo da mulher na manhã seguinte no IML (Instituto Médico Legal). Viu, porém, que faltava a aliança dela, símbolo de 13
anos de casamento.
"A única coisa que eu não
achei foi a aliança. Mas, quando
as pessoas ajudam e levam para
IML, essas coisas sempre acontecem. É normal. Quer dizer:
não é normal, né? Mas os documentos estavam todos lá. Ainda
bem, porque ia ser ainda mais
complicado", afirmou ele.
Em reportagem publicada
ontem pelo jornal "O Globo",
testemunhas do acidente também relataram o saque de bolsas e celulares de vítimas por
pessoas que invadiram os trilhos logo após o acidente.
O professor conta que a mulher sempre pegava o mesmo
trem da Central para Engenheiro Pedreira, na Baixada
Fluminense. Ao voltar do trabalho no Grajaú, zona norte do
Rio, ela costumava se dedicar à
educação dos filhos. Além de
preparar o jantar para eles, Rosana ajudava o mais novo, Rafael, 7, a realização das tarefas
de casa pedidas pela escola.
"Ele está brincando. Acho
que a ficha dele ainda não caiu.
O Gustavo, 12, é o mais abalado", disse Nascimento, antes do
enterro de Rosana, ontem à tarde, em Engenheiro Pedreira.
A Supervia, empresa que
opera desde 1998 a concessão
da malha ferroviária urbana na
região metropolitana do Rio,
informou que não recebeu nenhuma reclamação formal de
parentes de vítimas a respeito
de furtos de objetos.
Segundo a assessoria da empresa, se eles tivessem sido informados de qualquer problema desse tipo, o Batalhão Ferroviário especializado faria as
investigações necessárias.
Ainda segundo a assessoria, a
Supervia é responsável pela
área do acidente, mas a partir
do momento em que a Defesa
Civil leva as vítimas para os
hospitais e IML, a responsabilidade não é mais da empresa.
No caso de Nascimento, ele
não sabe informar quando pode ter ocorrido o furto da aliança, se ainda no local do acidente
ou durante o transporte, já que
viu o corpo da mulher no IML.
Amanhã, o titular da 58ª DP
(Posse), Fábio Pacífico, reúne-se com representantes da empresa. Ele pretende solicitar as
informações obtidas na auditoria que está sendo feita pela Supervia sobre o acidente.
O laudo da companhia deve
ficar pronto apenas no início da
semana que vem.
Pelo rádio
Rosângela Teófilo ficou sabendo que a irmã estava morta
no acidente de trens pelo ex-governador do Rio Anthony
Garotinho (PMDB).
Ela tentava conseguir alguma informação no hospital da
Posse, em Nova Iguaçu, quando
um repórter a colocou para falar com Garotinho, que tem um
programa na rádio Melodia.
"Eles não me davam informação nenhuma. O Garotinho
ligou para a Supervia e me contou que o nome dela era o primeiro da lista. Foi horrível, a
minha esperança é que ela estivesse viva", disse Rosângela.
O enterro de Renan Pedrosa
Moreira, 18, ontem de manhã
em Queimados, também na
Baixada Fluminense, reuniu
cerca de 200 pessoas.
Muitos amigos, familiares e
ex-professores lamentavam a
morte do jovem que era funcionário de uma indústria de produtos alimentícios e freqüentava um curso técnico no Senai de
Nova Iguaçu.
Os pais de Renan passaram
mal durante o velório.
Renan tinha um grupo de
funk e faria uma apresentação
artística anteontem à noite.
Duas vítimas do acidente foram identificadas somente ontem no IML de Nova Iguaçu.
Leno Paiva Costa, 22, foi enterrado ao meio-dia no Cemitério
Municipal de Nilópolis. O enterro de José Marcelino da Silva, 65, estava marcado para ontem às 16 no cemitério de Engenheiro Pedreira.
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