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"400 cirurgias estão deixando de ser feitas todos os meses", diz dirigente
DA REPORTAGEM LOCAL
O centro cirúrgico novinho
em folha, com equipamentos
de ponta e cinco salas para realizar operações complicadas,
está fechado. Faltam médicos.
Uma ala pronta para o transplante de medula óssea não
funciona. Faltam médicos. Dez
leitos de UTI neonatal e oito de
UTI cirúrgica seguem vazios.
Faltam médicos. O Hospital
das Clínicas da Universidade
Federal do Paraná, em Curitiba, tem uma dívida de R$ 17 milhões e um déficit de cerca de
700 funcionários.
"Não temos verbas nem recursos humanos. Dos 3.266
funcionários do hospital, 1.203
são de regime CLT e não podemos contratar mais nenhum",
afirma Giovanni Loddo, diretor-geral do hospital. "Sem os
profissionais, 400 cirurgias estão deixando de ser feitas todos
os meses e não há expectativa
para novas contratações."
Além da falta de pessoal, diz,
a unidade acumula despesas
que o governo não leva em conta. "Só com nutrição enteral
[por sonda], gastamos R$ 80
mil todo mês e não recebemos
um centavo de volta. É complicado fechar as contas."
No Hospital das Clínicas de
Uberlândia (MG), a dívida soma R$ 12 milhões e faltam, pelo
menos, 245 funcionários. "Nos
últimos sete anos, o número de
aposentadorias, exonerações e
óbitos foi de 845. Mas o governo liberou apenas 600 vagas no
período. Além da diferença, faltam servidores para novos setores", diz o diretor-geral Alair
Benedito de Almeida.
Faltam também recursos para conserto e troca dos equipamentos. Desde 31 de julho, o
aparelho que faz braquiterapia
(radioterapia para câncer ginecológico e de próstata) quebrou
e não há previsão de substituição. Assim, 20 pacientes em
tratamento precisam ir até o
Hospital do Câncer de Barretos
(interior de São Paulo) para
continuar a radioterapia. "Eles
têm de viajar cerca de três, quatro horas. É um sofrimento a
mais para quem está doente."
Para manter a UTI funcionando, ele conta que precisa
pagar plantões extras a enfermeiros. "O Tribunal de Contas
diz que é ilegal, mas temos de
salvar vidas. Sempre tenho de
explicar isso à Justiça, é uma situação esdrúxula." Para ele, o
futuro dos hospitais universitários está em risco. "Já vivemos
a inadimplência financeira, logo passaremos à inadimplência
social e deixaremos de atender
os pacientes."
(DT)
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