São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2007

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"400 cirurgias estão deixando de ser feitas todos os meses", diz dirigente

DA REPORTAGEM LOCAL

O centro cirúrgico novinho em folha, com equipamentos de ponta e cinco salas para realizar operações complicadas, está fechado. Faltam médicos. Uma ala pronta para o transplante de medula óssea não funciona. Faltam médicos. Dez leitos de UTI neonatal e oito de UTI cirúrgica seguem vazios. Faltam médicos. O Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, tem uma dívida de R$ 17 milhões e um déficit de cerca de 700 funcionários.
"Não temos verbas nem recursos humanos. Dos 3.266 funcionários do hospital, 1.203 são de regime CLT e não podemos contratar mais nenhum", afirma Giovanni Loddo, diretor-geral do hospital. "Sem os profissionais, 400 cirurgias estão deixando de ser feitas todos os meses e não há expectativa para novas contratações."
Além da falta de pessoal, diz, a unidade acumula despesas que o governo não leva em conta. "Só com nutrição enteral [por sonda], gastamos R$ 80 mil todo mês e não recebemos um centavo de volta. É complicado fechar as contas."
No Hospital das Clínicas de Uberlândia (MG), a dívida soma R$ 12 milhões e faltam, pelo menos, 245 funcionários. "Nos últimos sete anos, o número de aposentadorias, exonerações e óbitos foi de 845. Mas o governo liberou apenas 600 vagas no período. Além da diferença, faltam servidores para novos setores", diz o diretor-geral Alair Benedito de Almeida.
Faltam também recursos para conserto e troca dos equipamentos. Desde 31 de julho, o aparelho que faz braquiterapia (radioterapia para câncer ginecológico e de próstata) quebrou e não há previsão de substituição. Assim, 20 pacientes em tratamento precisam ir até o Hospital do Câncer de Barretos (interior de São Paulo) para continuar a radioterapia. "Eles têm de viajar cerca de três, quatro horas. É um sofrimento a mais para quem está doente."
Para manter a UTI funcionando, ele conta que precisa pagar plantões extras a enfermeiros. "O Tribunal de Contas diz que é ilegal, mas temos de salvar vidas. Sempre tenho de explicar isso à Justiça, é uma situação esdrúxula." Para ele, o futuro dos hospitais universitários está em risco. "Já vivemos a inadimplência financeira, logo passaremos à inadimplência social e deixaremos de atender os pacientes." (DT)


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