|
Próximo Texto | Índice
Moradores queimam veículos após morte de uma adolescente
Conflito na favela de Heliópolis começou de madrugada e se acentuou à noite; jovem de 17 anos foi vítima de bala perdida
Recebida a pedradas,
PM reagiu com balas de borracha e bombas de efeito moral; pelo menos
21 pessoas foram detidas
Fernando Donasci/Folha Imagem
|
|
Policiais disparam contra protesto de moradores da favela de Heliópolis, na zona sul de SP
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
A morte de uma adolescente
de 17 anos atingida por uma bala perdida gerou uma sequência de protestos na favela de
Heliópolis (zona sul de SP).
As manifestações dos moradores começaram na madrugada de ontem - com pneus e objetos queimados- e foram retomadas à noite, quando ao
menos cinco ônibus e quatro
carros foram incendiados.
Recebida a pedradas, a PM
reagiu com balas de borracha e
bombas de efeito moral. Duas
pessoas e um capitão, atingido
por tijolo na cabeça, ficaram feridos. Ao menos 21 foram detidos.
Ana Cristina de Macedo morreu no final da noite de anteontem durante uma perseguição da
GCM (Guarda Civil Municipal)
de São Caetano do Sul (na Grande São Paulo) a dois suspeitos de
roubar um carro.
A perseguição prosseguiu
quando os suspeitos entraram
na cidade de São Paulo e se dirigiram à favela de Heliópolis.
Segundo a família, a adolescente, mãe de uma criança de um
ano e oito meses, voltava da escola quando foi surpreendida pelo
tiroteio. De acordo com Gorete
Macedo, 46, tia da jovem, Ana
tentou correr para uma viela.
O protesto da madrugada
ocorreu pouco depois da meia-noite. O incêndio interrompeu o
trânsito e a polícia dispersou os
manifestantes cerca de 50 minutos depois. De acordo com moradores, um segundo confronto
ocorreu por volta das 4h.
O terceiro e mais grave protesto teve início ontem por volta das
18h30. Moradores atearam fogo
em quatro veículos.
Os manifestantes teriam tentado invadir um batalhão da Polícia Militar e escreveram a palavra "justiça" no asfalto. Em outros pontos da favela, alguns moradores atearam fogo em mais
cinco ônibus.
Quando a PM chegou, pelo
menos três carros policiais foram apedrejados. Moradores relatam que houve troca de tiros.
Por volta das 20h, a Tropa de
Choque iniciou uma varredura
na favela.
Os confrontos cessaram por
volta das 21h30. Após as 23h, a
Tropa de Choque voltou a entrar
na favela, com a notícia de uma
nova barricada.
Segundo moradores, o principal motivo da revolta foi a suposta demora para a adolescente ser
levada ao hospital vizinho. A garota só teria sido removida depois que policiais civis e militares
chegaram.
"Minha sobrinha foi pega por
dois guardas e jogada como se
fosse um saco dentro do carro",
disse a tia da adolescente.
Desde junho, esse foi o terceiro protesto em Heliópolis contra
ações da polícia.
A perseguição que deu início
ao conflito terminou com uma
mulher presa. O outro suspeito
conseguiu fugir.
(PABLO SOLANO, DEH OLIVEIRA e EVANDRO SPINELLI)
Colaborou o "Agora" e a Folha Online
Próximo Texto: Guarda suspeito de atirar foi expulso da PM Índice
|