São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

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Moradores queimam veículos após morte de uma adolescente

Conflito na favela de Heliópolis começou de madrugada e se acentuou à noite; jovem de 17 anos foi vítima de bala perdida

Recebida a pedradas, PM reagiu com balas de borracha e bombas de efeito moral; pelo menos 21 pessoas foram detidas

Fernando Donasci/Folha Imagem
Policiais disparam contra protesto de moradores da favela de Heliópolis, na zona sul de SP

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

A morte de uma adolescente de 17 anos atingida por uma bala perdida gerou uma sequência de protestos na favela de Heliópolis (zona sul de SP).
As manifestações dos moradores começaram na madrugada de ontem - com pneus e objetos queimados- e foram retomadas à noite, quando ao menos cinco ônibus e quatro carros foram incendiados.
Recebida a pedradas, a PM reagiu com balas de borracha e bombas de efeito moral. Duas pessoas e um capitão, atingido por tijolo na cabeça, ficaram feridos. Ao menos 21 foram detidos.
Ana Cristina de Macedo morreu no final da noite de anteontem durante uma perseguição da GCM (Guarda Civil Municipal) de São Caetano do Sul (na Grande São Paulo) a dois suspeitos de roubar um carro.
A perseguição prosseguiu quando os suspeitos entraram na cidade de São Paulo e se dirigiram à favela de Heliópolis.
Segundo a família, a adolescente, mãe de uma criança de um ano e oito meses, voltava da escola quando foi surpreendida pelo tiroteio. De acordo com Gorete Macedo, 46, tia da jovem, Ana tentou correr para uma viela.
O protesto da madrugada ocorreu pouco depois da meia-noite. O incêndio interrompeu o trânsito e a polícia dispersou os manifestantes cerca de 50 minutos depois. De acordo com moradores, um segundo confronto ocorreu por volta das 4h.
O terceiro e mais grave protesto teve início ontem por volta das 18h30. Moradores atearam fogo em quatro veículos.
Os manifestantes teriam tentado invadir um batalhão da Polícia Militar e escreveram a palavra "justiça" no asfalto. Em outros pontos da favela, alguns moradores atearam fogo em mais cinco ônibus.
Quando a PM chegou, pelo menos três carros policiais foram apedrejados. Moradores relatam que houve troca de tiros. Por volta das 20h, a Tropa de Choque iniciou uma varredura na favela.
Os confrontos cessaram por volta das 21h30. Após as 23h, a Tropa de Choque voltou a entrar na favela, com a notícia de uma nova barricada.
Segundo moradores, o principal motivo da revolta foi a suposta demora para a adolescente ser levada ao hospital vizinho. A garota só teria sido removida depois que policiais civis e militares chegaram.
"Minha sobrinha foi pega por dois guardas e jogada como se fosse um saco dentro do carro", disse a tia da adolescente.
Desde junho, esse foi o terceiro protesto em Heliópolis contra ações da polícia.
A perseguição que deu início ao conflito terminou com uma mulher presa. O outro suspeito conseguiu fugir.
(PABLO SOLANO, DEH OLIVEIRA e EVANDRO SPINELLI)


Colaborou o "Agora" e a Folha Online


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