São Paulo, Sábado, 02 de Outubro de 1999
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ADMINISTRAÇÃO
Funcionários de Armando Mellão são acusados de comandar esquema de coleta de propina
Presos chefe de gabinete e assessor do presidente da Câmara de São Paulo

Ormuzd Alves/Folha Imagens
Dolirio Lamonica (esq.) e Marcos Feliciano, assessores de Mellão, deixam o IC a caminho do 29º DP


LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local

O chefe de gabinete e um assessor político de Armando Mellão (PMDB), presidente da Câmara Municipal de São Paulo, foram presos ontem sob suspeita de comandar um esquema de coleta de propina na regional de São Miguel Paulista (zona leste de São Paulo).
Mellão, que controlava politicamente a regional, também foi citado por funcionários da regional como sendo o destinatário final da propina e será convidado pela polícia a prestar esclarecimentos nas próximas semanas.
O chefe de gabinete, Marcos Feliciano de Oliveira, 56, o "Capacete", e o assessor Dolírio Lamonica, 39, foram acusados pelos fiscais da regional de exigir, por semana, cerca de R$ 4.000. O dinheiro era coletado de camelôs que atuavam irregularmente na região.
Oliveira e Lamonica foram presos temporariamente (por cinco dias) ontem, em suas casas, durante operações simultâneas da polícia e do Ministério Público.
Antes de serem levados para o 29 º DP (Vila Diva) -onde já está preso o vereador cassado Vicente Viscome-, os dois negaram à imprensa qualquer envolvimento com o esquema.
De acordo com a polícia, os dois devem ser indiciados, na segunda-feira, por formação de quadrilha e concussão (exigir vantagem para deixar de cumprir função pública).
Mellão, que defende a inocência dos funcionários, informou ontem, por meio de nota divulgada à imprensa, que "confia na Justiça".

Prioridades
O delegado responsável pelo inquérito, Renato Ferreira, disse que a prioridade é descobrir quem era o destinatário final do dinheiro arrecadado com a propina na Regional de São Miguel.
O esquema, segundo depoimentos colhidos pela polícia, arrecadava cerca de R$ 15 mil por mês só de ambulantes.
"Temos provas de que os dois (Oliveira e Lamonica) tinham uma relação íntima com o esquema", afirmou Ferreira.
Entre as provas estão depoimentos de fiscais e de ambulantes que afirmaram conhecer Lamonica e Oliveira da regional.
A polícia tem ainda cópias de cheques sem fundos, no valor de R$ 14.624,50, de ambulantes que dizem ter pago propina a fiscais.
O delegado Wagner Giudice, responsável pelas investigações das regiões da zona leste, disse que há mais denúncias envolvendo outros setores da regional de São Miguel. "Essa é apenas uma parte do esquema."


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