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SAÚDE/ODONTOLOGIA
Bactérias migram para a corrente sangüínea e chegam ao coração, provocando endocardite
Infecção em dentes do siso traz risco de doença cardíaca
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Pessoas que não extraíram os
dentes do siso -mesmo aqueles
que não chegaram a nascer-
correm mais riscos de desenvolver problemas cardíacos e inflamações na gengiva e de fraturar a
mandíbula por conta de um processo de destruição óssea.
Esses problemas ocorrem especialmente quando os dentes do siso -também chamados de terceiros molares- ficam totalmente inclusos (escondidos) ou nascem parcialmente. Quando nascem corretamente não há riscos
de complicações, desde que a higiene bucal seja adequada.
Segundo José Roberto Barone,
coordenador do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial (regional São
Paulo), há casos de o paciente ter
todos os dentes saudáveis e desenvolver um problema cardíaco
por causa dos dentes do siso que
ficaram inclusos.
"Quando o dente do siso não
tem espaço no maxilar para erupcionar, ele forma uma espécie de
bolsa com os resíduos alimentares em decomposição. Essa bolsa
pode infeccionar e formar uma
colônia de bactérias. Se essas bactérias caírem na corrente sangüínea, podem migrar para o coração, provocando uma doença
chamada endocardite", explicou.
Indolor
Barone acrescentou que nem
sempre o paciente sente dor
quando há essa infecção interna.
"Por isso, em muitos casos a pessoa nem percebe que está com
problemas. Quando descobre, as
bactérias já se instalaram nas válvulas cardíacas e aí é necessário
tratamento específico, feito por
um cardiologista", diz.
Luís Augusto Passeri, professor
responsável pelo departamento
de cirurgia buco-maxilo-facial da
Unicamp, explicou que a fratura
da mandíbula pode acontecer por
causa da formação de um cisto
-problema freqüente em casos
de dentes do siso inclusos.
"O dente provoca uma destruição óssea muito grande no maxilar. Como essa destruição é lenta,
o paciente não sente dor. Mas
chega um momento em que uma
simples mordida pode fraturar a
mandíbula", alerta Passeri.
Diante de todos esse problemas,
a indicação de extração dos terceiros molares acontece em cerca de
80% dos casos. As pessoas que
ainda têm os dentes do siso devem fazer uma radiografia panorâmica a cada dois anos para saber se existem possíveis lesões.
O ideal é que a cirurgia seja feita
até os 30 anos, quando a raiz não
está completamente formada.
"Depois dos 30 anos o dente fica
resistente e a raiz fica entrelaçada
no osso, dificultando a cirurgia",
explicou o cirurgião buco-maxilo-facial José Carlos Gaspar.
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