São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça não vê provas de que Carla matou coronel Ubiratan

Denúncia contra Carla Cepollina foi rejeitada pelo presidente do 1º Tribunal do Júri

Promotor do caso diz que ficou surpreso com a decisão e afirma que vai recorrer; assassinato aconteceu em setembro de 2006

Caio Guatelli - 27.set.2006/Folha Imagem
Carla Capollina, suspeita de ter matado o coronel Ubiratan em 2006

CAROLINA FARIAS
DA FOLHA ONLINE

A Justiça de São Paulo rejeitou a denúncia (acusação formal) contra a advogada Carla Cepollina, suspeita de ter assassinado com um tiro o namorado, o coronel da reserva da PM e deputado estadual Ubiratan Guimarães, à época com 63 anos, em setembro de 2006.
O presidente do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, Alberto Anderson Filho, considerou que não existem provas contra Cepollina e que faltou aprofundamento na investigação.
"Em face do que existe nos autos, não se pode concluir, com a necessária segurança, que existam indícios suficientes contra a ré", diz o trecho da decisão, datada de anteontem. Em outro fragmento, o juiz afirma que, "em momento algum, questionou-se acerca da possibilidade de o autor do disparo ser uma terceira pessoa". Comandante do massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em 1992, Ubiratan foi baleado em seu apartamento, nos Jardins (zona oeste de São Paulo). O crime ocorreu no dia 9 de setembro, mas o corpo foi encontrado na noite do dia 10.
"Estou muito feliz. Sou inocente", disse Carla Cepollina. "O que ele [juiz] diz dá respaldo ao que ela [Cepollina] sempre falou. Que ela saiu de lá e ele estava com vida. Estou convicta de que, se o caso for reaberto, não será com ela [como acusada]", afirmou a advogada de Cepollina, Dora Cavalcanti.
A denúncia contra Carla Cepollina foi apresentada à Justiça em novembro de 2006 pelo promotor Luiz Fernando Vaggione. No texto, o promotor alegou que o crime foi cometido por vingança, por Cepollina considerar que o relacionamento "estava em decadência". Como agravantes, o promotor atribuiu motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima.
Desde novembro de 2007, o promotor responsável pela acusação é João Carlos Calsavara. Ele disse que vai recorrer da decisão. "Lamento porque entendo que há provas [contra a advogada]. Estou surpreso."
O inquérito foi concluído pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) em outubro de 2006. Ao mandar arquivar os autos, o juiz afirma que "enquanto não extinta a punibilidade, poderá, em qualquer tempo, ser instaurado processo contra a ré, se houver novas provas".

Alívio
"Recebi a notícia com alívio. Porque foi uma grande injustiça que foi feita. Faz dois anos que estamos lutando, eu, minha família, meus advogados, amigos", disse Cepollina.
Ela afirmou que estava sem trabalhar devido ao processo. "Não tive sossego [nesses dois anos]", disse.

Colaboraram RICARDO FELTRIN, editor-chefe da Folha Online, e Paulo Toledo Piza



Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Ribeirão: Serralheiro é baleado em briga de trânsito
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.