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Água é ruim em 50% dos poços da Grande SP
Segundo a Cetesb, índice era de 20% em 2006; no Estado, a proporção de poços próprios para consumo caiu de 86,9% para 76,8%
Foram encontrados na água alumínio, chumbo, nitratos e bactérias presentes nas fezes; hidrogeólogo vê falta de cuidado na manutenção
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Beber água de poço artesiano
perfurado na Grande São Paulo
está cada vez mais arriscado,
conclui um novo levantamento
realizado pela Cetesb, com dados de 2008. Metade deles estava imprópria, índice que dois
anos antes era de 20%.
Os dados estão reunidos no
Painel da Qualidade Ambiental
do Estado de São Paulo, uma
compilação de informações sobre as condições de matas, rios,
lençol freático e fauna. Ele estabelece metas a serem alcançadas até 2020.
Entre todos os parâmetros,
dois relacionados à água -condição dos poços e das praias-
são os mais negativos. A proporção de poços próprios para
consumo caiu de 86,9% para
76,8%, sendo a pior variação a
ocorrida na Grande SP. Foram
encontradas alumínio, chumbo, nitratos e bactérias presentes nas fezes.
Há na Grande São Paulo
6.000 poços legais, registrados
no DAEE (Departamento de
Águas e Energia Elétrica), mas
há estimativas de que o número
de clandestinos possa ser mais
do dobro. Em todo o Estado, há
30.195 poços permitidos.
O problema da contaminação dos poços na região metropolitana reflete a herança industrial da Grande SP, a proliferação de perfurações clandestinas e a falta de cuidado
com os poços existentes.
Ainda mais grave é que, em
muitos casos, é uma contaminação de difícil solução -quando há presença de cromo, fluoretos e nitrados, estes dois últimos encontrados na água profunda da região metropolitana.
Por conta da contaminação,
já é proibida a perfuração de
poços em regiões do Estado, como de Jurubatuba, zona sul de
São Paulo, onde foram encontradas altas concentrações de
resíduos industriais.
Há uma falta de cuidado quase generalizada na manutenção
dos poços, diz o hidrogeólogo
Gustavo Alves da Silva, membro da Abas (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas).
Boa parte dos poços não conta nem mesmo com uma barreira de concreto para impedir
a infiltração de água da chuva,
que contamina os aquíferos.
"O dono deve lembrar que
cabe a ele verificar a qualidade
da água", diz o hidrogeólogo.
O diretor de Controle de Poluição Ambiental da Cetesb,
Marcelo Minelli, afirma que,
embora o problema seja persistente em todo o Estado, o governo elegeu como prioritários
os aquíferos explorados para o
abastecimento público.
Hoje, cerca de 80% dos municípios paulistas usam poços
artesianos para distribuir água
à população. A prioridade para
a água subterrânea é mais comum na região oeste, em cidades como São José do Rio Preto. No início do mês, a presença
de cromo na água obrigou à interdição de um poço na cidade.
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