São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2011

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Descontaminar área é processo que pode levar décadas

Recuperação de casos como o do Center Norte é possível, mas é demorada, custosa e complexa

Rota 66, nos EUA, e parque olímpico de Sydney, na Austrália, são exemplos de ações ambientais de sucesso

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Eliminar a contaminação de áreas consideradas críticas, como a do Shopping Center Norte (zona norte), é um processo que pode levar décadas, mas exemplos internacionais provam que isso é possível -inclusive sem desocupar a região afetada.
O ideal, de acordo com especialistas ouvidos pela Folha, é que o processo de descontaminação ocorra antes que novos empreendimentos sejam lançados no local.
No caso do Center Norte, por exemplo, o lixão deveria ter sido eliminado antes de o centro comercial ser erguido, na década de 80, quando o debate ambiental ainda não tinha a força que tem hoje.
Mas se a descontaminação não tiver sido feita no tempo ideal, a recuperação ainda pode ocorrer, mas será mais lenta, custosa e complexa.
"Tecnologia existe para desenvolver bons projetos de descontaminação de áreas", afirma Everton de Oliveira, sócio-fundador da empresa de consultoria Hidroplan.
Na última década, o número de consultorias ambientais pulou da casa das dezenas para duas centenas.

MAIS CONTAMINAÇÕES
E, com a saída das indústrias das grandes cidades e a ocupação desses terrenos pelo setor imobiliário, a tendência é que o assunto se torne cada vez mais importante.
No Estado de São Paulo, por exemplo, existem mais de 3.700 áreas contaminadas catalogadas pela Cetesb. Nos Estados Unidos, onde o assunto é discutido há mais tempo, estimativas oficiais apontam para a existência de 450 mil áreas contaminadas.
Na América do Norte, as esferas pública e privada têm incentivos para remediar a contaminação dos terrenos. Boa parte da limpeza de alguns terrenos às margens da famosa Rota 66 usou esse financiamento. A estrada era muito usada na primeira meta do século passado.
Mas, a partir dos anos de 1970, com a construção de vias mais modernas, foi abandonada. Muitos postos de gasolina foram deixados para trás, o que poluiu o solo local.
Nos últimos anos, porém, a rodovia voltou a ter apelo turístico e as áreas contaminadas pelo combustível foram recuperadas.
Outro exemplo famoso é o projeto de despoluição do local onde está o parque olímpico de Sidney, na Austrália, que abrigou os jogos de 2000.
Quem pega um barco na baía de Sydney, perto da Ópera House, e vai em direção ao parque olímpico, não tem noção do que era aquele local até 1992: um lixão de mais de 9 milhões de metros cúbicos de resíduos.
O governo gastou US$ 137 milhões para remediar o problema. A ação demorou por volta de oito anos para ser totalmente concluída.



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