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foco
"Aqui jaz um homem que morreu de saco cheio", diz epitáfio bem-humorado
VITOR SORANO
DO "AGORA"
Cláudio Colello não poderia
dizer que teve uma vida ruim:
deixou quatro filhos encaminhados, seis netos, uma mulher que o admirava, uma empresa bem-sucedida no ramo de auto-adesivos e uma casa
de praia em Peruíbe, no litoral
paulista, onde viveu parte dos
últimos de seus 66 anos. O velório, contam as testemunhas,
foi prestigiado por mais de
500 pessoas.
O típico homem realizado
teve cumprido até o seu desejo
final, realizado por um empreiteiro de túmulos intrigado
e surpreso, ao custo de cerca
de R$ 100. Colello quis, forjado em bronze, o epitáfio mais
bem-humorado do cemitério:
"Aqui jaz um homem que
morreu de saco cheio".
"Ainda falei para a mulher
dele: "Não sei se funciona dizer
que ele morreu de saco cheio'",
diz Jair de Jesus Máximo, 52,
o empreiteiro que fez o túmulo do empresário. Mas, como
um bom comerciante, se resignou com a estranheza do pedido e fez o gosto da freguesa.
A viúva, Vilma Colello, 64,
diz que não tinha outra opção.
"Nunca tentamos desestimular [a idéia do marido]."
O que encheu o saco de Colello não foi nada de extraordinário, mas aquelas irritações
cotidianas. "Teve um funcionário dele que precisou de
uma ajuda financeira para poder morar. Aí, meu marido foi
fiador e, no final, teve de pagar
o aluguel", conta Vilma. "Por
isso é que ele encheu o saco."
Segundo Máximo, o empreiteiro, placas de bronze duram
para sempre. "Se não forem
roubadas, né?", ressalva. O túmulo Colello já foi atacado.
Levaram a cruz.
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